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#76 Le 02/02/2020, à 19:04

L'Africain

Re : [ Résolu ] Fusionner fichier de note dans autre fichier texte

Hello,
Je suis en train de travailler sur mes fichiers en portugais. Le script fonctionne vraiment très très bien. La seule chose bizarre, c'est qu'il ne traite pas le chapitre 1. Systématiquement les notes n'y sont pas intégrées. les balises \f + \fr \ft \f* sont là mais sans la note.
Pour l'instant je complète manuellement.


Ubuntu-Unity 18.04 LDLC (clevo) X/Lubuntu-Mate
"Donne à celui qui te demande…" Mt 5,42

Hors ligne

#77 Le 02/02/2020, à 22:01

kamaris

Re : [ Résolu ] Fusionner fichier de note dans autre fichier texte

On parle bien du texte de la genèse donné en #43, avec ses notes données en #41 ?
Car alors, avec le programme donné en #50, j'obtiens exactement les résultats donnés en #48, où le chapitre 1 est bien traité (j'ai fait des tests de non régression sur les exemples dont je dispose à chaque nouvelle version du code, depuis le début).

PS : puisque ce programme est désormais également partagé ici : https://gitlab.com/crosswire-bible-society/scripts, ça aurait été bien d'en indiquer sa provenance et son auteur wink

Hors ligne

#78 Le 02/02/2020, à 22:09

L'Africain

Re : [ Résolu ] Fusionner fichier de note dans autre fichier texte

Oui pour ça tu as tout à fait raison!! J'ai fait tout ça dans la précipitation, je vais de suite corriger cette injustice smile
Pour un exemple de fichier de sortie problématique (mais en fait c'est tous qui ont ce problème:

\id LUK
\h
\toc1 Evangelho de São Lucas
\toc2 Lucas
\toc3 Lc
\imt EVANGELHO SEGUNDO SÃO LUCAS


\ip O terceiro Evangelho é atribuído a Lucas, que também é o autor dos Atos dos Apóstolos. Segue os usos dos historiógrafos do seu tempo, mas a história que ele deseja apresentar é uma história iluminada pela fé no mistério da Paixão e Ressurreição do Senhor Jesus. O seu livro é um Evan­gelho, uma história santa, uma obra que apresenta a Boa-Nova da salvação centrada na pessoa de Jesus Cristo. 

\is DIVISÃO E CONTEÚDO
\ip O esquema geral do livro é o mesmo que se encon­tra em Mateus e em Marcos: uma introdução, a pregação de Jesus na Galileia, a sua viagem para Jerusalém, a Paixão e Ressurreição como cum­primento final da sua missão. A construção literária é elaborada com cui­dado e reflete grande sensibilidade, procurando salientar os tempos e luga­res da História da Salvação e pondo em evidência a projeção exis­tencial do projeto evangélico. 
\io Prólogo  (1,1-4) em que anun­cia o tema, o método e o fim da sua obra. Lucas expõe por ordem o que se refere à vida e à mensagem de Jesus de Nazaré, filho de Maria, Filho de Deus. 
\io I. Evangelho da infância (1,5-2,52) de João Batista e de Jesus. 
\io II. Prelúdio da missão messiâ­nica de Jesus (3,1-4,13). 
\io III. Ministério de Jesus na Galileia (4,14-9,50): a sua atitude face às mul­tidões, aos primeiros discípulos e aos adversários (4,31-6,11); o seu en­sino aos discípulos (6,12-7,50); a associação estreita dos Doze à sua mis­são (8,1-9,50). 
\io IV. Subida de Jesus a Jeru­salém (9,51-19,28). O esquema literário de Lucas é, ao mesmo tempo, original, mas artificial, sem continuidade geo­grá­fica nem pro­gress­ão doutrinal. Tal quadro permite ao autor reunir uma série de elementos, em parte convergentes com os de Mateus e Marcos, colo­cando-os na pers­petiva do evento pascal, a consumar-se na cidade de Jeru­salém. Jesus dirige-se a Israel, chamando-o à conver­são; mas é, sobretudo, para os discípulos que os seus ensinamentos se orientam, tendo em conta o tempo em que já não estará presente entre eles. 
\io V. Ministério de Jesus em Jeru­salém (19,29-21,38): o ensino de Jesus no templo (20,1-21,37). 
\io VI. Paixão, morte e ressurreição de Jesus (22,1-24,53): a narra­ção da Paixão e as narrações da Páscoa (22,1-24,53). Omitindo a tradição das aparições na Galileia e situando todos os eventos pascais em Jerusalém, Lucas põe em evidência o lugar central daquela cidade na His­tória da Sal­vação. De lá vai irradiar também a mensagem evangélica, rela­tada pelo mesmo autor no livro dos Atos. 

\ip O tempo de Jesus e o tempo da Igreja Uma das ideias-chave de Lucas é distinguir o tempo de Jesus e o tempo da Igreja. Sem esquecer a singularidade única do acontecimento salvífico de Jesus Cristo, põe em relevo as etapas da obra de Deus na História. Mais do que Mateus e Marcos, ao falar de Jesus e dos discípulos, Lucas pensa já na Igreja, cujos membros se sentem interpelados a acolher a mensagem salvífica na alegria e na con­versão do coração. É isso que faz deste livro o Evangelho da misericórdia, da alegria, da solidariedade e da oração. No respeito pelo ser humano, a sal­­vação evangélica transforma a vida das pessoas, com reflexos no seu in­te­­rior, nos seus comportamentos sociais e no uso que fazem dos bens ter­renos. 
\ip Jesus anuncia a sua vinda no fim dos tempos, o qual, segundo Lucas , coin­cidirá com o termo do tempo da Igreja. Mas a insistência deste evan­ge­lista na salvação presente, na realeza pascal do Senhor Jesus, na ação do Espírito Santo na Igreja, con­tri­buem para atenuar a tensão relativa à imi­nente Parusia. A própria des­trui­ção de Jerusalém, vista como um acon­tecimento histórico, despo­jando-o da sua projeção escatológica, presente em Mateus e Marcos, é sinal de uma consciência viva do dom da salvação presente no tempo da Igreja. 

\is Composição
\ip E Data Na com­po­sição do seu Evangelho, Lucas uti­lizou grande parte de materiais co­muns a Marcos e Mateus, além dos que lhe são próprios e dos contactos com o Evangelho de João. Todos os materiais da tradição estão marca­dos pelo trabalho do autor, que se reflete quer na sua ordenação, quer no vocabulário, quer no estilo. A arte e a sensibilidade de Lucas manifes­tam-se na sobriedade das suas obser­vações, na delicadeza de atitudes, no dramatismo de certas narrações, na atmosfera de misericórdia das cenas com pecadores, mulheres e estran­geiros. 
\ip A composição deste Evangelho é situada por volta dos anos 80-90, por­que Lucas  deve ter conhecido o cerco e a destruição da cidade de Jerusa­lém por Tito, no ano 70. 

\is Dedicatória
\ip E Autor O livro é dedicado a Teófilo, mas destina-se a leitores cristãos de cultura grega, como se vê pela língua, pelo cuidado em expli­car a geografia e usos da Palestina, pela omissão de discussões judai­cas, pela consideração que tem pelos gentios. 
\ip Segundo uma tradição antiga (Santo Ireneu), o autor é Lucas, médico, discí­pulo de Paulo. Pelas suas caraterísticas, este Evangelho encontra-se mais próximo da mentalidade do homem moderno: pela sua clareza, pelo cuidado nas explicações, pela sensibilidade e pela arte do seu autor. Lucas  mostra o Filho de Deus como Salvador de todos os homens, com particular atenção aos pequeninos, pobres, pecadores e pagãos. Para ele, o Senhor é Mestre de vida, com todas as suas exigências e com o dom da graça, que o discípulo só pode acolher de coração aberto. 
\ip Por isso, Lucas é o Evangelho da Salvação universal, anunciada pelo Pro­feta dos últimos tempos que convida discípulos profetas, aos quais envia o Espírito Santo, para que, por sua vez, sejam os profetas de todos os tempos e lugares (Lc 24,45-49; At 1,8). 
\c 1
\s2 Prólogo
\r (At 1,1-4)
\p
\v 1 \f + \fr \ft \f*Visto que muitos empreenderam compor uma narração dos factos que entre nós se consumaram,
\v 2 \f + \fr \ft \f*como no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e se tornaram “Servidores da Palavra”,
\v 3 \f + \fr \ft \f*resolvi eu também, depois de tudo ter investigado cuidadosamente desde a origem, expô-los a ti por escrito e pela sua ordem, caríssimo Teófilo,
\v 4 a fim de reconheceres a solidez da doutrina em que foste instruído.
\ms I. EVANGELHO DA INFÂNCIA DE JESUS
\r (1,5-2,52; ver Mt 1,18-2,23)
\s2 Anúncio do nascimento de João Batista
\p
\v 5 \f + \fr \ft \f*No tempo de Herodes, rei da Judeia, havia um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias, cuja esposa era da descendência de Aarão e se chamava Isabel.
\v 6 Ambos eram justos diante de Deus, cumprindo irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do \nd Senhor\nd*.
\v 7 \f + \fr \ft \f*Não tinham filhos, pois Isabel era estéril, e os dois eram de idade avançada.
\p
\v 8 Ora, estando Zacarias no exercício das funções sacerdotais diante de Deus, na ordem da sua classe,
\v 9 \f + \fr \ft \f*coube-lhe, segundo o costume sacerdotal, entrar no santuário do \nd Senhor\nd* para queimar o incenso.
\v 10 Todo o povo estava da parte de fora em oração, à hora do incenso.
\v 11 Então, apareceu-lhe o anjo do \nd Senhor\nd*, de pé, à direita do altar do incenso.
\v 12 \f + \fr \ft \f*Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e encheu-se de temor.
\v 13 \f + \fr \ft \f*Mas o anjo disse-lhe:
\p «Não temas, Zacarias: a tua súplica foi atendida. Isabel, tua esposa, vai dar-te um filho e tu vais chamar-lhe João.
\v 14 \f + \fr \ft \f*Será para ti motivo de regozijo e de júbilo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento.
\v 15 \f + \fr \ft \f*Pois ele será grande diante do \nd Senhor\nd* e não beberá vinho nem bebida alcoólica; será cheio do Espírito Santo já desde o ventre da sua mãe
\v 16 e reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao \nd Senhor\nd*, seu Deus.
\v 17 \f + \fr \ft \f*Irá à frente, diante do \nd Senhor\nd*, com o espírito e o poder de Elias, para fazer voltar os corações dos pais a seus filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, a fim de proporcionar ao \nd Senhor\nd* um povo com boas disposições.»
\p
\v 18 \f + \fr \ft \f*Zacarias disse ao anjo: «Como hei de verificar isso, se estou velho e a minha esposa é de idade avançada?»
\v 19 \f + \fr \ft \f*O anjo respondeu:
\p «Eu sou Gabriel, aquele que está diante de Deus, e fui enviado para te falar e anunciar esta Boa-Nova.
\v 20 Vais ficar mudo, sem poder falar, até ao dia em que tudo isto acontecer, por não teres acreditado nas minhas palavras, que se cumprirão na altura própria.»
\p
\v 21 O povo, entretanto, aguardava Zacarias e admirava-se por ele se demorar no santuário.
\v 22 Quando saiu, não lhes podia falar e eles compreenderam que tinha tido uma visão no santuário. Fazia-lhes sinais e continuava mudo.
\p
\v 23 \f + \fr \ft \f*Terminados os dias do seu serviço, regressou a casa.
\v 24 Passados esses dias, sua esposa Isabel concebeu e, durante cinco meses, permaneceu oculta.
\v 25 \f + \fr \ft \f*Dizia ela: «O \nd Senhor\nd* procedeu assim para comigo, nos dias em que viu a minha ignomínia e a eliminou perante os homens.»
\s2 Anúncio do nascimento de Jesus
\r (Mt 1,18-25)
\p
\v 26 \f + \fr \ft \f*Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré,
\v 27 \f + \fr \ft \f*a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria.
\p
\v 28 \f + \fr \ft \f*Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça, o \nd Senhor\nd* está contigo.»
\v 29 \f + \fr \ft \f*Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação.
\v 30 Disse-lhe o anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus.
\v 31 \f + \fr \ft \f*Hás de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.
\v 32 Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O \nd Senhor\nd* Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David,
\v 33 reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim.»
\p
\v 34 \f + \fr \ft \f*Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?»
\v 35 \f + \fr \ft \f*O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus.
\v 36 Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril,
\v 37 \f + \fr \ft \f*porque nada é impossível a Deus.»
\v 38 \f + \fr \ft \f*Maria disse, então: «Eis a serva do \nd Senhor\nd*, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.
\s2 Visita de Maria a Isabel
\p
\v 39 \f + \fr \ft \f*Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia.
\v 40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
\v 41 \f + \fr \ft \f*Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
\v 42 Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
\v 43 \f + \fr \ft \f*E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu \nd Senhor\nd*?
\v 44 Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio.
\v 45 Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do \nd Senhor\nd*.»
\s2 Cântico de Maria
\p
\v 46 \f + \fr \ft \f*Maria disse, então:
\q1 «A minha alma glorifica o \nd Senhor\nd*
\q1
\v 47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
\q1
\v 48 Porque pôs os olhos na humildade da sua serva.
\q1 De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
\q1
\v 49 \f + \fr \ft \f*O Todo-poderoso fez em mim maravilhas.
\q1 Santo é o seu nome.
\q1
\v 50 \f + \fr \ft \f*A sua misericórdia se estende de geração em geração
\q1 sobre aqueles que o temem.
\q1
\v 51 \f + \fr \ft \f*Manifestou o poder do seu braço
\q1 e dispersou os soberbos.
\q1
\v 52 Derrubou os poderosos de seus tronos
\q1 e exaltou os humildes.
\q1
\v 53 \f + \fr \ft \f*Aos famintos encheu de bens
\q1 e aos ricos despediu de mãos vazias.
\q1
\v 54 \f + \fr \ft \f*Acolheu a Israel, seu servo,
\q1 lembrado da sua misericórdia,
\q1
\v 55 \f + \fr \ft \f*como tinha prometido a nossos pais,
\q1 a Abraão e à sua descendência, para sempre.»
\p
\v 56 \f + \fr \ft \f*Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois regressou a sua casa.
\s2 Nascimento e circuncisão de João Batista
\p
\v 57 Entretanto, chegou o dia em que Isabel devia dar à luz e teve um filho.
\v 58 Os seus vizinhos e parentes, sabendo que o \nd Senhor\nd* manifestara nela a sua misericórdia, rejubilaram com ela.
\v 59 Ao oitavo dia, foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias.
\v 60 \f + \fr \ft \f*Mas, tomando a palavra, a mãe disse: «Não; há de chamar-se João.»
\v 61 Disseram-lhe: «Não há ninguém na tua família que tenha esse nome.»
\p
\v 62 \f + \fr \ft \f*Então, por sinais, perguntaram ao pai como queria que ele se chamasse.
\v 63 Pedindo uma placa, o pai escreveu: «O seu nome é João.»
\p E todos se admiraram.
\v 64 Imediatamente a sua boca abriu-se, a língua desprendeu-se-lhe e começou a falar, bendizendo a Deus.
\v 65 \f + \fr \ft \f*O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos, e por toda a montanha da Judeia se divulgaram aqueles factos.
\v 66 \f + \fr \ft \f*Quantos os ouviam retinham-nos na memória e diziam para si próprios: «Quem virá a ser este menino?» Na verdade, a mão do \nd Senhor\nd* estava com ele.
\s2 Cântico de Zacarias
\p
\v 67 \f + \fr \ft \f*Então, seu pai, Zacarias, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou com estas palavras:
\q1
\v 68 \f + \fr \ft \f*«Bendito o \nd Senhor\nd*, Deus de Israel,
\q1 que visitou e redimiu o seu povo
\q1
\v 69 \f + \fr \ft \f*e nos deu um Salvador poderoso
\q1 na casa de David, seu servo,
\q1
\v 70 conforme prometeu pela boca dos seus santos,
\q1 os profetas dos tempos antigos;
\q1
\v 71 para nos libertar dos nossos inimigos
\q1 e das mãos daqueles que nos odeiam,
\q1
\v 72 \f + \fr \ft \f*para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais,
\q1 recordando a sua sagrada aliança;
\q1
\v 73 \f + \fr \ft \f*e o juramento que fizera a Abraão, nosso pai,
\q1 que nos havia de conceder esta graça:
\q1
\v 74 de o servirmos um dia, sem temor,
\q1 livres das mãos dos nossos inimigos,
\q1
\v 75 em santidade e justiça, na sua presença,
\q1 todos os dias da nossa vida.
\q1
\v 76 \f + \fr \ft \f*E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo,
\q1 porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos,
\q1
\v 77 para dar a conhecer ao seu povo a salvação
\q1 pela remissão dos seus pecados,
\q1
\v 78 \f + \fr \ft \f*graças ao coração misericordioso do nosso Deus,
\q1 que das alturas nos visita como sol nascente,
\q1
\v 79 \f + \fr \ft \f*para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte
\q1 e dirigir os nossos passos no caminho da paz.»
\p
\v 80 \f + \fr \ft \f*Entretanto, o menino crescia, o seu espírito robustecia-se, e vivia em lugares desertos, até ao dia da sua apresentação a Israel.
\c 2
\s2 Nascimento de Jesus
\p
\v 1 \f + \fr 2, 1-2. \ft César Augusto, imperador romano de 30 a.C. a 14 d.C.. O recenseamento a que Lc se refere, como abrangendo toda a terra, é um dos que o Imperador decretou em várias províncias do Império. Efetuado, quando Públio Sulpício Quirino era governador da Síria (entre 4 e 1 a.C.), este recenseamento da Palestina é colocado por volta do ano 6 d.C., ou seja, dez anos após a morte de Herodes, o Grande. Trata-se de uma data aproximada, como preocupação em situar historicamente o nascimento de Jesus. Quanto ao estabelecimento da “era cristã”, há um cálculo erróneo feito por Dionísio, o Pequeno (sec. VI). De facto, Jesus nasceu antes da morte de Herodes (4 a.C.), ou seja, por volta do ano 6 antes da nossa era (1,5 nota; 3,1-2 nota; Mt 2,1 nota).
\f*Por aqueles dias, saiu um édito da parte de César Augusto para ser recenseada toda a terra.
\v 2 Este recenseamento foi o primeiro que se fez, sendo Quirino governador da Síria.
\p
\v 3 Todos iam recensear-se, cada qual à sua própria cidade.
\v 4 \f + \fr 4. \ft A Cidade de David, no AT, é Jerusalém (2 Sm 5,7.9; 6,10.12; Is 22,9), mas Lc atribui este título a Belém, segundo Mq 5,1 (Gn 35,19-20 nota; Mq 5,1-3 nota; Mt 2,6 nota).
\f*Também José, deixando a cidade de Nazaré, na Galileia, subiu até à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e linhagem de David,
\v 5 \f + \fr 5. \ft Maria, sua esposa. Ver 1,27 nota.
\f*a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que se encontrava grávida.
\p
\v 6 E, quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz
\v 7 \f + \fr 7. \ft Filho primogénito. Este epíteto refere-se à aplicação da Lei a Jesus recém-nascido (v.23; Ex 13,2.12-15). É um título cristológico (Rm 8,29; Cl 1,15.18; Heb 1,6; Ap 1,5). Ao contrário de Isabel (1,57), Maria está sozinha a prestar os primeiros cuidados ao Filho. Hospedaria. O termo grego pode designar uma sala (22,11), uma área de repouso das caravanas ou uma habitação (Mt 2,11). A tradição da “gruta” é do séc. II. Sobre Filho primogénito, ver v.23-24 nota; Ex 13,11-16 nota; 2 Rs 3,27 nota; Cl 1,15 nota.
\f*e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria.
\p
\v 8 \f + \fr 8. \ft Os pastores não eram bem vistos em Israel, por viverem à margem da prática religiosa, “rou­barem” pastos e trabalharem com animais impuros. Pertencem à classe dos “pequenos”, e “pobres” para os quais nasceu Jesus (1,46 nota).
\f*Na mesma região encontravam-se uns pastores que pernoitavam nos campos, guardando os seus rebanhos durante a noite.
\v 9 \f + \fr 9. \ft A glória do Senhor, expressão bíblica que designa a manifestação visível do mistério de Deus. Lc atribui-a a Jesus na Transfiguração (9,32), na Páscoa (24,26) e na vinda escatológica (9,26; 21,27). Ver Lv 9,6 nota; Nm 14,10 nota; 1 Sm 4,21 nota; Pr 25,2 nota; Ez 10,4 nota.
\f*Um anjo do \nd Senhor\nd* apareceu-lhes, e a glória do \nd Senhor\nd* refulgiu em volta deles; e tiveram muito medo.
\v 10 O anjo disse-lhes: «Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo:
\v 11 \f + \fr 11. \ft No AT, o título de Salvador é atribuído a Deus e algumas vezes aos “juízes de Israel”. Nos Evan­gelhos, só aqui e em Jo 4,42 Jesus é dito Salvador; no entanto, afirmam que Jesus salva os doen­tes (Mc 3,4; 5,23.28.34; 6,56). Nos outros livros do NT Jesus é muitas vezes designado Salvador (At 4,12 nota; 5,31; 13,23; Ef 5,23; Fl 3,20; 2 Pe 1,1.11; 2,20). Messias Senhor é o título com que Lc indica que Jesus é o Cristo esperado, e sugere o caráter divino da sua realeza (v.26 nota; At 2,36 nota).
\f*Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias \nd Senhor\nd*.
\v 12 Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.»
\p
\v 13 De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, louvando a Deus e dizendo:
\q1
\v 14 \f + \fr 14. \ft A salvação trazida por Jesus é motivo para os poderes celestes prestarem glória a Deus (Sl 148,1-2). Lc vê aí o sinal e penhor da paz messiânica (1,79 nota). O termo dessa paz são os homens amados por Deus. A expressão ocorre também nos escritos de Qumrân e designa os privilegiados de Deus e o seu amor universal (1,46 nota; 3,6 nota; Is 19,16-25 nota; Dn 3,4 nota; Jn 4,1.11 notas; Mt 5,45-48 nota; 24,31 nota; Mc 4,30-32 nota).
\f*«Glória a Deus nas alturas
\q1 e paz na terra aos homens do seu agrado.»
\p
\v 15 Quando os anjos se afastaram deles em direção ao Céu, os pastores disseram uns aos outros: «Vamos a Belém ver o que aconteceu e que o \nd Senhor\nd* nos deu a conhecer.»
\p
\v 16 Foram apressadamente e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura.
\v 17 Depois de terem visto, começaram a divulgar o que lhes tinham dito a respeito daquele menino.
\v 18 Todos os que ouviram se admiravam do que lhes diziam os pastores.
\v 19 \f + \fr 19. \ft Ver v.50-51 nota; 1,66 nota.
\f*Quanto a Maria, conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração.
\v 20 \f + \fr 20. \ft Cantar a glória e os louvores de Deus é a reação habitual dos assistentes perante as manifestações divinas, sobretudo nos milagres (5,25.26; 7,16; 13,13; 17,15 nota; 18,43; 19,37).
\f*E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora anunciado.
\s2 Circuncisão e apresentação de Jesus no templo
\p
\v 21 \f + \fr 21. \ft Ver 1,60 nota; Gn 17,12; Lv 12,3.
\f*Quando se completaram os oito dias, para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus indicado pelo anjo antes de ter sido concebido no seio materno.
\p
\v 22 \f + \fr 22. \ft A apresentação do Menino no templo não era requerida pela Lei, que apenas prescrevia a purificação da mãe (Lv 12,1-8 nota; Ml 3,1). 
\f*Quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao \nd Senhor\nd*,
\v 23 \f + \fr 23-24. \ft A Lei sobre os primogénitos (v.7 nota) comportava o seu resgate mediante o paga­mento de cinco siclos durante o mês a seguir ao nascimento (Ex 34,20; Nm 18,15-16). Lc não diz nada sobre o resgate de Jesus. A oferta dos pobres pela purificação da mãe consistia em duas rolas ou duas pombas (v.24; Lv 5,7; 12,6-8). Ver 1 Sm 1,24-25 nota.
\f*conforme está escrito na Lei do \nd Senhor\nd*: «Todo o primogénito varão será consagrado ao \nd Senhor\nd*»
\v 24 e para oferecerem em sacrifício, como se diz na Lei do \nd Senhor\nd*, duas rolas ou duas pombas.
\p
\v 25 \f + \fr 25. \ft A consolação de Israel, isto é, a salvação de Israel, segundo o Livro da Consolação de Isaías (40,1; 51,12; 61,2). Simeão é descrito como justo, profeta, por nele habitar o Espírito Santo.
\f*Ora, vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão; era justo e piedoso e esperava a consolação de Israel. O Espírito Santo estava nele.
\v 26 \f + \fr 26. \ft O Messias do Senhor, título messiânico tradicional no AT (grego), diferente do de Cristo Senhor, próprio do NT (v.11 nota).
\f*Tinha-lhe sido revelado pelo Espírito Santo que não morreria antes de ter visto o Messias do \nd Senhor\nd*.
\v 27 Impelido pelo Espírito, veio ao templo, quando os pais trouxeram o menino Jesus, a fim de cumprirem o que ordenava a Lei a seu respeito.
\s2 Cântico de Simeão
\p
\v 28 Simeão tomou-o nos braços e bendisse a Deus, dizendo:
\q1
\v 29 \f + \fr 29-32. \ft O Cântico de Simeão sobre Jesus corresponde ao de Zacarias sobre o seu filho (1,68-
-79). Simeão saúda a chegada do Salvador e revela aos pais do Menino alguns traços caraterís­ticos da sua missão. Último profeta do AT, Simeão inspira-se em Isaías, para proclamar a salvação de Deus já presente (Is 40,5; 42,6; 45,25; 46,13; 49,6; 52,10). 
\f*«Agora, \nd Senhor\nd*, segundo a tua palavra,
\q1 deixarás ir em paz o teu servo,
\q1
\v 30 \f + \fr 30. \ft Ver 1,69 nota.71.77; 3,6.
\f*porque meus olhos viram a Salvação
\q1
\v 31 que ofereceste a todos os povos,
\q1
\v 32 \f + \fr 32. \ft A salvação das nações pagãs, um dos temas importantes de Lc, é anunciada aqui pela primeira vez (Is 42,6). Só a partir da revelação pascal (24,47) será proclamada abertamente, como o documentam os Atos.
\f*Luz para se revelar às nações
\q1 e glória de Israel, teu povo.»
\p
\v 33 Seu pai e sua mãe estavam admirados com o que se dizia dele.
\p
\v 34 \f + \fr 34. \ft O oráculo de Simeão dirige-se só a Maria (Jo 19,25). O Menino é apresentado como motivo de divisão e sinal de contradição. Prepara a conclusão dos Atos, segundo a qual uma parte de Israel rejeitou o Messias (Mt 10,34-36 nota; At 28,25-27 nota).
\f*Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: «Este menino está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de contradição;
\v 35 \f + \fr 35. \ft Uma espada trespassará... A predição parece referir-se à dor de Maria perante a rejeição de Jesus por parte dos judeus (Jo 19,25-27 nota). Esse era o preço da missão de Jesus, que também iria denunciar a incredulidade dos seus ouvintes (5,22; 6,8; 9,47; 16,15; 24,38).
\f*uma espada trespassará a tua alma. Assim hão de revelar-se os pensamentos de muitos corações.»
\p
\v 36 \f + \fr 36-37. \ft Ana é apresentada como israelita exemplar que não se afastava do templo (Sl 23,6; 26,8; 27,4; 84,5.11).
\f*Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, a qual era de idade muito avançada. Depois de ter vivido casada sete anos, após o seu tempo de donzela,
\v 37 ficou viúva até aos oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, participando no culto noite e dia, com jejuns e orações.
\v 38 \f + \fr 38. \ft Redenção (“lutrosis” = resgate), como no caso da lei dos primogénitos (v.7 nota; 1,68 nota). Aqui indica a salvação do povo de Deus (Jerusalém).
\f*Aparecendo nessa mesma ocasião, pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
\p
\v 39 Depois de terem cumprido tudo o que a Lei do \nd Senhor\nd* determinava, regressaram à Galileia, à sua cidade de Nazaré.
\v 40 \f + \fr 40. \ft O menino crescia, consequência da sua Encarnação. O versículo é paralelo a 1,80, sobre João Batista. A sabedoria, no sentido próprio da Escritura, e a graça de Deus são atributos de Jesus, que lhe vêm do contacto com o Pai (v.52; 11,31; 21,15). Em Jesus, manifesta-se progressi­vamente a graça, a benevolência divina (1,80 nota; 4,22).
\f*Entretanto, o menino crescia e robustecia-se, enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele.
\s2 Jesus entre os doutores
\p

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\id LUK
\h
\toc1 Evangelho de São Lucas
\toc2 Lucas
\toc3 Lc
\imt EVANGELHO SEGUNDO SÃO LUCAS


\ip O terceiro Evangelho é atribuído a Lucas, que também é o autor dos Atos dos Apóstolos. Segue os usos dos historiógrafos do seu tempo, mas a história que ele deseja apresentar é uma história iluminada pela fé no mistério da Paixão e Ressurreição do Senhor Jesus. O seu livro é um Evan­gelho, uma história santa, uma obra que apresenta a Boa-Nova da salvação centrada na pessoa de Jesus Cristo. 

\is DIVISÃO E CONTEÚDO
\ip O esquema geral do livro é o mesmo que se encon­tra em Mateus e em Marcos: uma introdução, a pregação de Jesus na Galileia, a sua viagem para Jerusalém, a Paixão e Ressurreição como cum­primento final da sua missão. A construção literária é elaborada com cui­dado e reflete grande sensibilidade, procurando salientar os tempos e luga­res da História da Salvação e pondo em evidência a projeção exis­tencial do projeto evangélico. 
\io Prólogo  (1,1-4) em que anun­cia o tema, o método e o fim da sua obra. Lucas expõe por ordem o que se refere à vida e à mensagem de Jesus de Nazaré, filho de Maria, Filho de Deus. 
\io I. Evangelho da infância (1,5-2,52) de João Batista e de Jesus. 
\io II. Prelúdio da missão messiâ­nica de Jesus (3,1-4,13). 
\io III. Ministério de Jesus na Galileia (4,14-9,50): a sua atitude face às mul­tidões, aos primeiros discípulos e aos adversários (4,31-6,11); o seu en­sino aos discípulos (6,12-7,50); a associação estreita dos Doze à sua mis­são (8,1-9,50). 
\io IV. Subida de Jesus a Jeru­salém (9,51-19,28). O esquema literário de Lucas é, ao mesmo tempo, original, mas artificial, sem continuidade geo­grá­fica nem pro­gress­ão doutrinal. Tal quadro permite ao autor reunir uma série de elementos, em parte convergentes com os de Mateus e Marcos, colo­cando-os na pers­petiva do evento pascal, a consumar-se na cidade de Jeru­salém. Jesus dirige-se a Israel, chamando-o à conver­são; mas é, sobretudo, para os discípulos que os seus ensinamentos se orientam, tendo em conta o tempo em que já não estará presente entre eles. 
\io V. Ministério de Jesus em Jeru­salém (19,29-21,38): o ensino de Jesus no templo (20,1-21,37). 
\io VI. Paixão, morte e ressurreição de Jesus (22,1-24,53): a narra­ção da Paixão e as narrações da Páscoa (22,1-24,53). Omitindo a tradição das aparições na Galileia e situando todos os eventos pascais em Jerusalém, Lucas põe em evidência o lugar central daquela cidade na His­tória da Sal­vação. De lá vai irradiar também a mensagem evangélica, rela­tada pelo mesmo autor no livro dos Atos. 

\ip O tempo de Jesus e o tempo da Igreja Uma das ideias-chave de Lucas é distinguir o tempo de Jesus e o tempo da Igreja. Sem esquecer a singularidade única do acontecimento salvífico de Jesus Cristo, põe em relevo as etapas da obra de Deus na História. Mais do que Mateus e Marcos, ao falar de Jesus e dos discípulos, Lucas pensa já na Igreja, cujos membros se sentem interpelados a acolher a mensagem salvífica na alegria e na con­versão do coração. É isso que faz deste livro o Evangelho da misericórdia, da alegria, da solidariedade e da oração. No respeito pelo ser humano, a sal­­vação evangélica transforma a vida das pessoas, com reflexos no seu in­te­­rior, nos seus comportamentos sociais e no uso que fazem dos bens ter­renos. 
\ip Jesus anuncia a sua vinda no fim dos tempos, o qual, segundo Lucas , coin­cidirá com o termo do tempo da Igreja. Mas a insistência deste evan­ge­lista na salvação presente, na realeza pascal do Senhor Jesus, na ação do Espírito Santo na Igreja, con­tri­buem para atenuar a tensão relativa à imi­nente Parusia. A própria des­trui­ção de Jerusalém, vista como um acon­tecimento histórico, despo­jando-o da sua projeção escatológica, presente em Mateus e Marcos, é sinal de uma consciência viva do dom da salvação presente no tempo da Igreja. 

\is Composição
\ip E Data Na com­po­sição do seu Evangelho, Lucas uti­lizou grande parte de materiais co­muns a Marcos e Mateus, além dos que lhe são próprios e dos contactos com o Evangelho de João. Todos os materiais da tradição estão marca­dos pelo trabalho do autor, que se reflete quer na sua ordenação, quer no vocabulário, quer no estilo. A arte e a sensibilidade de Lucas manifes­tam-se na sobriedade das suas obser­vações, na delicadeza de atitudes, no dramatismo de certas narrações, na atmosfera de misericórdia das cenas com pecadores, mulheres e estran­geiros. 
\ip A composição deste Evangelho é situada por volta dos anos 80-90, por­que Lucas  deve ter conhecido o cerco e a destruição da cidade de Jerusa­lém por Tito, no ano 70. 

\is Dedicatória
\ip E Autor O livro é dedicado a Teófilo, mas destina-se a leitores cristãos de cultura grega, como se vê pela língua, pelo cuidado em expli­car a geografia e usos da Palestina, pela omissão de discussões judai­cas, pela consideração que tem pelos gentios. 
\ip Segundo uma tradição antiga (Santo Ireneu), o autor é Lucas, médico, discí­pulo de Paulo. Pelas suas caraterísticas, este Evangelho encontra-se mais próximo da mentalidade do homem moderno: pela sua clareza, pelo cuidado nas explicações, pela sensibilidade e pela arte do seu autor. Lucas  mostra o Filho de Deus como Salvador de todos os homens, com particular atenção aos pequeninos, pobres, pecadores e pagãos. Para ele, o Senhor é Mestre de vida, com todas as suas exigências e com o dom da graça, que o discípulo só pode acolher de coração aberto. 
\ip Por isso, Lucas é o Evangelho da Salvação universal, anunciada pelo Pro­feta dos últimos tempos que convida discípulos profetas, aos quais envia o Espírito Santo, para que, por sua vez, sejam os profetas de todos os tempos e lugares (Lc 24,45-49; At 1,8). 
\c 1
\s2 Prólogo
\r (At 1,1-4)
\p
\v 1 *Visto que muitos empreenderam compor uma narração dos factos que entre nós se consumaram,
\v 2 *como no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e se tornaram “Servidores da Palavra”,
\v 3 *resolvi eu também, depois de tudo ter investigado cuidadosamente desde a origem, expô-los a ti por escrito e pela sua ordem, caríssimo Teófilo,
\v 4 a fim de reconheceres a solidez da doutrina em que foste instruído.
\ms I. EVANGELHO DA INFÂNCIA DE JESUS
\r (1,5-2,52; ver Mt 1,18-2,23)
\s2 Anúncio do nascimento de João Batista
\p
\v 5 *No tempo de Herodes, rei da Judeia, havia um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias, cuja esposa era da descendência de Aarão e se chamava Isabel.
\v 6 Ambos eram justos diante de Deus, cumprindo irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do \nd Senhor\nd*.
\v 7 *Não tinham filhos, pois Isabel era estéril, e os dois eram de idade avançada.
\p
\v 8 Ora, estando Zacarias no exercício das funções sacerdotais diante de Deus, na ordem da sua classe,
\v 9 *coube-lhe, segundo o costume sacerdotal, entrar no santuário do \nd Senhor\nd* para queimar o incenso.
\v 10 Todo o povo estava da parte de fora em oração, à hora do incenso.
\v 11 Então, apareceu-lhe o anjo do \nd Senhor\nd*, de pé, à direita do altar do incenso.
\v 12 *Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e encheu-se de temor.
\v 13 *Mas o anjo disse-lhe:
\p «Não temas, Zacarias: a tua súplica foi atendida. Isabel, tua esposa, vai dar-te um filho e tu vais chamar-lhe João.
\v 14 *Será para ti motivo de regozijo e de júbilo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento.
\v 15 *Pois ele será grande diante do \nd Senhor\nd* e não beberá vinho nem bebida alcoólica; será cheio do Espírito Santo já desde o ventre da sua mãe
\v 16 e reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao \nd Senhor\nd*, seu Deus.
\v 17 *Irá à frente, diante do \nd Senhor\nd*, com o espírito e o poder de Elias, para fazer voltar os corações dos pais a seus filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, a fim de proporcionar ao \nd Senhor\nd* um povo com boas disposições.»
\p
\v 18 *Zacarias disse ao anjo: «Como hei de verificar isso, se estou velho e a minha esposa é de idade avançada?»
\v 19 *O anjo respondeu:
\p «Eu sou Gabriel, aquele que está diante de Deus, e fui enviado para te falar e anunciar esta Boa-Nova.
\v 20 Vais ficar mudo, sem poder falar, até ao dia em que tudo isto acontecer, por não teres acreditado nas minhas palavras, que se cumprirão na altura própria.»
\p
\v 21 O povo, entretanto, aguardava Zacarias e admirava-se por ele se demorar no santuário.
\v 22 Quando saiu, não lhes podia falar e eles compreenderam que tinha tido uma visão no santuário. Fazia-lhes sinais e continuava mudo.
\p
\v 23 *Terminados os dias do seu serviço, regressou a casa.
\v 24 Passados esses dias, sua esposa Isabel concebeu e, durante cinco meses, permaneceu oculta.
\v 25 *Dizia ela: «O \nd Senhor\nd* procedeu assim para comigo, nos dias em que viu a minha ignomínia e a eliminou perante os homens.»
\s2 Anúncio do nascimento de Jesus
\r (Mt 1,18-25)
\p
\v 26 *Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré,
\v 27 *a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria.
\p
\v 28 *Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça, o \nd Senhor\nd* está contigo.»
\v 29 *Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação.
\v 30 Disse-lhe o anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus.
\v 31 *Hás de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.
\v 32 Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O \nd Senhor\nd* Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David,
\v 33 reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim.»
\p
\v 34 *Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?»
\v 35 *O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus.
\v 36 Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril,
\v 37 *porque nada é impossível a Deus.»
\v 38 *Maria disse, então: «Eis a serva do \nd Senhor\nd*, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.
\s2 Visita de Maria a Isabel
\p
\v 39 *Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia.
\v 40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
\v 41 *Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
\v 42 Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
\v 43 *E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu \nd Senhor\nd*?
\v 44 Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio.
\v 45 Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do \nd Senhor\nd*.»
\s2 Cântico de Maria
\p
\v 46 *Maria disse, então:
\q1 «A minha alma glorifica o \nd Senhor\nd*
\q1
\v 47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
\q1
\v 48 Porque pôs os olhos na humildade da sua serva.
\q1 De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
\q1
\v 49 *O Todo-poderoso fez em mim maravilhas.
\q1 Santo é o seu nome.
\q1
\v 50 *A sua misericórdia se estende de geração em geração
\q1 sobre aqueles que o temem.
\q1
\v 51 *Manifestou o poder do seu braço
\q1 e dispersou os soberbos.
\q1
\v 52 Derrubou os poderosos de seus tronos
\q1 e exaltou os humildes.
\q1
\v 53 *Aos famintos encheu de bens
\q1 e aos ricos despediu de mãos vazias.
\q1
\v 54 *Acolheu a Israel, seu servo,
\q1 lembrado da sua misericórdia,
\q1
\v 55 *como tinha prometido a nossos pais,
\q1 a Abraão e à sua descendência, para sempre.»
\p
\v 56 *Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois regressou a sua casa.
\s2 Nascimento e circuncisão de João Batista
\p
\v 57 Entretanto, chegou o dia em que Isabel devia dar à luz e teve um filho.
\v 58 Os seus vizinhos e parentes, sabendo que o \nd Senhor\nd* manifestara nela a sua misericórdia, rejubilaram com ela.
\v 59 Ao oitavo dia, foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias.
\v 60 *Mas, tomando a palavra, a mãe disse: «Não; há de chamar-se João.»
\v 61 Disseram-lhe: «Não há ninguém na tua família que tenha esse nome.»
\p
\v 62 *Então, por sinais, perguntaram ao pai como queria que ele se chamasse.
\v 63 Pedindo uma placa, o pai escreveu: «O seu nome é João.»
\p E todos se admiraram.
\v 64 Imediatamente a sua boca abriu-se, a língua desprendeu-se-lhe e começou a falar, bendizendo a Deus.
\v 65 *O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos, e por toda a montanha da Judeia se divulgaram aqueles factos.
\v 66 *Quantos os ouviam retinham-nos na memória e diziam para si próprios: «Quem virá a ser este menino?» Na verdade, a mão do \nd Senhor\nd* estava com ele.
\s2 Cântico de Zacarias
\p
\v 67 *Então, seu pai, Zacarias, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou com estas palavras:
\q1
\v 68 *«Bendito o \nd Senhor\nd*, Deus de Israel,
\q1 que visitou e redimiu o seu povo
\q1
\v 69 *e nos deu um Salvador poderoso
\q1 na casa de David, seu servo,
\q1
\v 70 conforme prometeu pela boca dos seus santos,
\q1 os profetas dos tempos antigos;
\q1
\v 71 para nos libertar dos nossos inimigos
\q1 e das mãos daqueles que nos odeiam,
\q1
\v 72 *para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais,
\q1 recordando a sua sagrada aliança;
\q1
\v 73 *e o juramento que fizera a Abraão, nosso pai,
\q1 que nos havia de conceder esta graça:
\q1
\v 74 de o servirmos um dia, sem temor,
\q1 livres das mãos dos nossos inimigos,
\q1
\v 75 em santidade e justiça, na sua presença,
\q1 todos os dias da nossa vida.
\q1
\v 76 *E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo,
\q1 porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos,
\q1
\v 77 para dar a conhecer ao seu povo a salvação
\q1 pela remissão dos seus pecados,
\q1
\v 78 *graças ao coração misericordioso do nosso Deus,
\q1 que das alturas nos visita como sol nascente,
\q1
\v 79 *para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte
\q1 e dirigir os nossos passos no caminho da paz.»
\p
\v 80 *Entretanto, o menino crescia, o seu espírito robustecia-se, e vivia em lugares desertos, até ao dia da sua apresentação a Israel.
\c 2
\s2 Nascimento de Jesus
\p
\v 1 *Por aqueles dias, saiu um édito da parte de César Augusto para ser recenseada toda a terra.
\v 2 Este recenseamento foi o primeiro que se fez, sendo Quirino governador da Síria.
\p
\v 3 Todos iam recensear-se, cada qual à sua própria cidade.
\v 4 *Também José, deixando a cidade de Nazaré, na Galileia, subiu até à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e linhagem de David,
\v 5 *a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que se encontrava grávida.
\p
\v 6 E, quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz
\v 7 *e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria.
\p
\v 8 *Na mesma região encontravam-se uns pastores que pernoitavam nos campos, guardando os seus rebanhos durante a noite.
\v 9 *Um anjo do \nd Senhor\nd* apareceu-lhes, e a glória do \nd Senhor\nd* refulgiu em volta deles; e tiveram muito medo.
\v 10 O anjo disse-lhes: «Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo:
\v 11 *Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias \nd Senhor\nd*.
\v 12 Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.»
\p
\v 13 De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, louvando a Deus e dizendo:
\q1
\v 14 *«Glória a Deus nas alturas
\q1 e paz na terra aos homens do seu agrado.»
\p
\v 15 Quando os anjos se afastaram deles em direção ao Céu, os pastores disseram uns aos outros: «Vamos a Belém ver o que aconteceu e que o \nd Senhor\nd* nos deu a conhecer.»
\p
\v 16 Foram apressadamente e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura.
\v 17 Depois de terem visto, começaram a divulgar o que lhes tinham dito a respeito daquele menino.
\v 18 Todos os que ouviram se admiravam do que lhes diziam os pastores.
\v 19 *Quanto a Maria, conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração.
\v 20 *E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora anunciado.
\s2 Circuncisão e apresentação de Jesus no templo
\p
\v 21 *Quando se completaram os oito dias, para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus indicado pelo anjo antes de ter sido concebido no seio materno.
\p
\v 22 *Quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao \nd Senhor\nd*,
\v 23 *conforme está escrito na Lei do \nd Senhor\nd*: «Todo o primogénito varão será consagrado ao \nd Senhor\nd*»
\v 24 e para oferecerem em sacrifício, como se diz na Lei do \nd Senhor\nd*, duas rolas ou duas pombas.
\p
\v 25 *Ora, vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão; era justo e piedoso e esperava a consolação de Israel. O Espírito Santo estava nele.
\v 26 *Tinha-lhe sido revelado pelo Espírito Santo que não morreria antes de ter visto o Messias do \nd Senhor\nd*.
\v 27 Impelido pelo Espírito, veio ao templo, quando os pais trouxeram o menino Jesus, a fim de cumprirem o que ordenava a Lei a seu respeito.
\s2 Cântico de Simeão
\p
\v 28 Simeão tomou-o nos braços e bendisse a Deus, dizendo:
\q1
\v 29 *«Agora, \nd Senhor\nd*, segundo a tua palavra,
\q1 deixarás ir em paz o teu servo,
\q1
\v 30 *porque meus olhos viram a Salvação
\q1
\v 31 que ofereceste a todos os povos,
\q1
\v 32 *Luz para se revelar às nações
\q1 e glória de Israel, teu povo.»
\p
\v 33 Seu pai e sua mãe estavam admirados com o que se dizia dele.
\p
\v 34 *Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: «Este menino está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de contradição;
\v 35 *uma espada trespassará a tua alma. Assim hão de revelar-se os pensamentos de muitos corações.»
\p
\v 36 *Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, a qual era de idade muito avançada. Depois de ter vivido casada sete anos, após o seu tempo de donzela,
\v 37 ficou viúva até aos oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, participando no culto noite e dia, com jejuns e orações.
\v 38 *Aparecendo nessa mesma ocasião, pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
\p
\v 39 Depois de terem cumprido tudo o que a Lei do \nd Senhor\nd* determinava, regressaram à Galileia, à sua cidade de Nazaré.
\v 40 *Entretanto, o menino crescia e robustecia-se, enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele.
\s2 Jesus entre os doutores

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1, 1. Como os escritores do tempo, Lc abre o seu livro com um prólogo (v.1-4). Refere-se aos que o precederam em tarefa semelhante, ao seu cuidado de informação e de exposição e à per­sonagem a quem dedica a sua obra. Escreve uma obra a partir da tradição viva do Evangelho de Jesus Cristo e carateriza as suas preocupações de historiador sagrado. Os factos a que se refere são os da vida e missão de Jesus; agora, testemunhados pelos discípulos do Senhor, eles são a Boa-Nova (o Evangelho) que Lc quer transmitir. A referência a muitos que o precederam em tal tarefa é uma caraterística dos prólogos, mas entre eles contam-se o Evangelho de Mc e outras fontes seguidas por Lc. Não fazendo parte do grupo dos Doze, foi da tradição que Lc recebeu todos os dados do seu Evangelho.
2. Servidores da Palavra, isto é, o Evangelho pregado pelos Apóstolos (At 4,31; 6,2.7; 11,1).
3. Caríssimo (At 23,26; 24,3; 26,25). Teófilo, nome grego que significa “amigo de Deus”; pode ser um cristão, ou mesmo um pagão, ao qual Lc apre­sentaria uma apologia da fé cristã.
5. Herodes, o Grande, morto no ano 4 a.C., filho do idumeu Antipas ou Antipater, acabou por ser nomeado rei da Judeia pelo Senado romano, no ano 40 a.C.. Político hábil, foi também um grande construtor (Mt 2,1 nota). A classe de Abias era a oitava na série de 24 em que a classe sacerdotal se subdividia para o serviço semanal do culto no templo (1 Cr 24,10; 2 Cr 5,11 nota; 23,8).
7. A esterilidade era considerada motivo de vergonha (Gn 30,23; 1 Sm 1,10) ou sinal de um castigo (Lv 20,20-21; 2 Sm 6,23). Isabel é vista como Sara (Gn 11,30; 18,11; 1 Sm 1,20). Ver Gn 16,2 nota; 18,1-15 nota; 1 Sm 1,6 nota; Sb 3,13-15 nota.
9. Entrar no santuário, rito que se realizava de manhã e de tarde, no momento da oferta do sacrifício, e consistia em renovar as brasas e os aromas no altar do incenso (v.11), que era de ouro (1 Rs 6,20-21) e que se encontrava no Santo dos Santos (23,45 nota; Ex 30,6-8; Nm 16,6-10; 2 Cr 3,8-9 nota; Dn 9,24 nota; Mt 27,51-53 nota; Mc 15,38 nota).
12. O AT refere com frequência o temor perante as aparições de anjos, como manifestação da perturbação do ser humano no confronto com o mistério de Deus (Jz 6,22; Tb 12,16; Dn 8,17-18). Lc salienta esse temor religioso perante revelações (2,9; 5,8; 9,34), milagres (v.65; 5,8 nota.26; 7,16; 8,25.37) e outras intervenções divinas (At 2,43; 3,10; 5,5.11; 19,17). Ver v.65 nota; 24,5 nota; Gn 35,5 nota; Ex 15,11 nota; Jb 6,4 nota; Mc 6,51 nota; 16,8 nota; Ap 1,17 nota.
13. Zacarias é tranquilizado segundo a fórmula usual nas aparições de Deus e de anjos: Não temas. De Deus: Gn 15,1; 26,24; 46,3; Jz 6,23; de anjos: Gn 16,11; 17,19; Jz 13,3.5; Tb 12,17; Dn 10,12.19. João significa “o Senhor faz graça”: é o primeiro sinal da vinda do Messias.
14. A alegria é uma nota caraterística de Lc; perante as primeiras manifestações do Messias já presente, todos são convidados a alegrar-se. A esta alegria messiânica se referem os v.28 nota.44.47.58; 2,10. É a resposta ao dom da salvação já presente em Jesus Cristo: 10,17.20-21; 13,17; 15,7.32; 19,6.37; 24,41.52; At 2,46.
15. A missão do Precursor é profética: ele deve manter-se diante do Senhor como um servo (Elias: 1 Rs 17,1; 18,15); como um asceta consagrado ao Senhor (Sansão: Nm 6,2-4; Jz 13,4.7.14); predestinado pelo Senhor desde o ventre da sua mãe para uma especial missão (Is 49,1.5; Jr 1,5). Sobre o Precursor, ver Ex 9,17 nota; Mt 3,3-4 nota; 11,11 nota; 17,10-13 nota; Mc 1,2-8 nota.
17. A missão de João é semelhante à do seu antepassado Levi (Ml 2,6) e à do profeta Elias (Sir 48,10; Ml 3,1.24): levar Israel à conversão. Enquanto Precursor (1,76; 3,4), ele devia prepa­rar o povo para a vinda do Senhor (Is 40,3). Lc não identifica João com Elias, como o faz Mt 11,14; 17,12-13 e Mc 9,11-13; é sobretudo Jesus que é comparado com Elias (4,26; 7,12.15; 9,42.51.54.57.61-62; 22,43.45).
18. Ver Gn 15,8; Jz 6,17; Is 7,11; 38,7.
19. A aparição de Gabriel ocorre no quadro de uma liturgia no templo e Lc descreve-a com a linguagem bíblica e os temas tradicionais de anúncios de nascimento (Gn 16; 17; Jz 13; 1 Sm 1) e de oráculos proféticos (Is 40,3). Anunciar esta Boa-Nova: primeiro exemplo do verbo evan­gelizar, de uso frequente em Lc (10 vezes) e At (15 vezes); refere-se à Boa-Nova do Reino (Mt 
3,2 nota). O anúncio do nascimento de Jesus faz parte dessa Boa-Nova. Enquanto Mc usa sempre o termo “Evangelho”, Lc utiliza sempre o verbo correspondente, “evangelizar” (euaggeli­zomai) (2,10; 3,18; 4,18). Sobre anúncios de nascimento, ver Gn 16,2 nota; 17,5 nota; Jz 13,1-25 nota;
1 Sm 1,1 nota; Mt 1,18 nota.
23. Terminados os dias, expressão do AT, que traduz a ideia da realização das profecias (2,6.21.22; 9,51; At 2,1 nota; 9,23 nota).
25. Ver Gn 21,6; 30,23; 1 Sm 1,10.
26. Ao sexto mês é indicação temporal feita a partir da conceção de João. O anúncio do nascimento de Jesus é uma narração semelhante à do nascimento de João Batista (v.5-25). Mas a superioridade de Jesus sobre João é constantemente salientada. A missão de Jesus é descrita como a do Messias tradicional (v.31-33), com oráculos proféticos (2 Sm 7,14.16; Is 7,14; 9,6) e como a do Filho de Deus (v.35), de cuja filiação misteriosa é sinal a conceção virginal.
27. Virgem, palavra grega (parthenos) que designa mais exatamente uma donzela virgem (hebr. ‘almá: Is 7,14 nota). No Evangelho, designa toda e qualquer jovem (Mt 25,1-13 nota). Pondo em realce a virgindade de Maria, Lc elimina o equívoco sobre o seu casa­mento e prepara a narração da conceção milagrosa de Jesus (1,34): Maria estava legalmente casada com José (2,5), mas não tinham ainda vivido em comum. Segundo o costume judaico, havia um espaço de tempo até a esposa ser introduzida na casa do esposo (Mt 1,19 nota).
28. Salvé. O imperativo (kaire) ultrapassa aqui o contexto da saudação habitual. É o eco dos anúncios de salvação à “filha de Sião” (2 Rs 19,21-28 nota; Is 1,8 nota; 12,6; Jr 4,31 nota; Sf 3,14-17
nota; Jl 2,21; Zc 2,14). A saudação do anjo é convite à alegria messiânica (v.14 nota.44.47; 2,10). Cheia de graça, termo grego endereçado a Maria; não se encontra senão em Sir 18,17; Ef 1,6. Aparentado com a palavra graça (favor do rei, amor do amado), o termo é atribuído a Maria, como àquela que é objeto da predileção e amor de Deus. O Senhor está contigo, expressão que aparece com frequência nas narrações de vocação (Ex 3,12; Jz 6,12; Jr 1,8.19; 15,20). “Bendita és tu entre as mulheres” é inserida aqui por alguns textos antigos, mas trata-se de uma adição, por influência do v.42.
29. Maria perturbou-se. Lc não apresenta Maria dominada pelo medo, mas sim a refletir sobre o mistério da mensagem revelada e a interrogar-se sobre o sentido da sua vocação. Ver v.12.34 notas; 2,19.50-51 nota.
31-33. O nome de Jesus não é explicado como em Mt 1,21 nota (Deus salva), mas Lc dá-lhe o mesmo sentido em 2,11 (v.69 nota.71.77; 2,30; 3,6 nota). Retomando textos do AT de anúncio de nasci­mento, as palavras do anjo refletem sobretudo o texto de Is 7,14 (Mt 1,23). Dar à luz um filho. O título de Filho (de Deus) equivale ao epíteto de filho de David (2 Sm 7,14; Sl 2,7; 89,27), em contraste com o do v.35. O nome Altíssimo, usual para designar Deus no helenismo e no AT, é quase só utilizado por Lc (v.35 nota.76; 6,35; 8,28; Dn 3,93 nota; Mc 5,7; At 7,48; 16,17; Heb 7,1).
34. A pergunta de Zacarias (v.18) manifestava incredulidade (v.20); a de Maria, inspirada pela fé, procura esclarecer­-se (v.35-36.45). E serve para introduzir uma revelação mais completa do mistério de Jesus (v.29 nota). 
35. Segundo o AT, o Espírito Santo que atua na criação (Gn 1,2) é o mesmo que intervém na investidura do Messias, como também no ministério dos profetas (Lv 4,3 nota; 1 Sm 9,16 nota; 2 Sm 2,2-4 nota; Sl 23,5 nota; Is 45,1 nota; Ez 34,23-24 nota; Zc 4,14 nota; Mc 6,14-16 nota; 8,27-30 nota). Estender a sua sombra indica, no AT, a presença eficaz de Deus no meio do seu povo (Ex 40,34-35; Nm 9,18.22; 10,34). Santo indica a pertença total e exclusiva a Deus; é um dos atributos mais antigos para exprimir a divindade de Cristo (At 3,14; 4,27.30). Filho de Deus é uma designação do Messias; exprime a relação misteriosa que une Jesus a Deus. Em Lc, a expressão não sai dos lábios das pessoas, como em Mt e Mc, mas vem somente na voz do Pai (3,22; 9,35), na de Jesus (10,22; 22,70) e na dos anjos. Este título aprofunda o de Filho do Altíssimo (v.32). Sobre Filho de Deus, ver 3,21-22 nota; 9,35 nota; 22,69-70 nota; Sl 29,1 nota; Dn 3,92 nota; Mt 16,14-16 nota; Mc 1,1 nota.
37. Ver 18,27; Gn 18,14.
38. Serva exprime uma atitude de fé e de amor, de posse incondicio­nal por parte do Senhor (v.48). Maria conforma-se totalmente com o misterioso desígnio de Deus a seu respeito. No AT, servo de Deus é um título de glória, não de humildade (Is 41,8 nota).
39. Uma cidade de Judá, povoação hoje identificada com Ain-Karim, a 6 km de Jerusalém.
41. O encontro das duas mães é o encontro dos dois filhos. As mães estão ao serviço de uma missão que envolve os dois filhos (v.43). 
43. Senhor é um dos títulos do Messias, que Lc aplica a Jesus desde o início da sua vida ter­restre (2,11; 7,13; 10,1.39.41; 11,39; At 2,36).
46. “O cântico de Maria” – Magnificat – inspira-se no AT, em especial no Cântico de Ana (1 Sm 2,1-10 nota), um salmo de ação de graças. O seu substracto bíblico está também nos Salmos e nos Profetas. Este hino canta a gratidão e a exultação da mãe de Jesus (v.46-50) e de todo o povo de Deus (v.51-55) pelo cumprimento das Promessas. A gesta divina aparece enquadrada por dois temas: a justiça de Deus, que socorre os pobres e os pequeninos, e a sua fidelidade e misericórdia para com o povo da Promessa. Ver 12,32 nota; 15,4-7 nota; 22,24-27 nota; 1 Sm 16,10-11 nota; Ez 17,24 nota; Mt 18,3-5.10 notas; 21,16 nota; Mc 9,36-37 nota.
49. Ver Sl 71,19; 111,9.
50. ❑ Ver Sl 100,5; 103,17.
51-52. Ver Sl 89,11; 118,15-16; Ez 17,24 nota.
53. ❑ Ver Sl 107,9; 113,7-8.
54. O AT afirma que Deus se lembra porque é fiel às suas promessas e as executa infa­li­velmente (v.46 nota; Gn 8,1-19 nota; Ex 2,24; Sl 98,3; Is 41,8-9).
55. Ver Sl 18,51; Mq 7,20.
56. Três meses, isto é, até ao nascimento de João (v.36). Lc indica a partida de Maria, para concluir a narração, antes de passar a outra. Com este processo, o Evangelho marca a distinção das cenas e acentua a separação do tempo de João do tempo de Jesus (v.80 nota; 3,19-20.20 nota).
60. Segundo o costume do judaísmo mais recente, o nome era dado à criança na circuncisão (2,21), mas no AT era imposto na ocasião do nascimento (Gn 4,1; 21,3; 25,25-26). A revelação do nome de João é o facto principal desta perícope, toda ela centrada mais na circuncisão do que no nascimento (v.13 nota). 
62-63. Zacarias, além de mudo, ficou também surdo. O termo grego (kophos) pode significar uma coisa e outra (7,22; 11,14), com frequência associadas na mesma pessoa. Em Lc (1,31), o nome é dado pela mãe.
65. O acordo de Zacarias e de Isabel quanto ao nome de João é percebido como um sinal de Deus e provoca admiração (v.63) e temor, reação habitual salientada por Lc nas pessoas con­fron­tadas com milagres e outras manifestações divinas (v.12 nota; 8,25.56; 9,43; 11,14; 24,12.41; 
At 2,7; 3,10).
66. Memória, lit., “coração”. No texto grego, este termo pode significar a sede de toda a vida ín­tima do ser humano: pensamento, recordação, sentimento, decisão (2,19.35.51; 21,14; Pr 23,26 nota; Sir 17,6 nota; Jl 2,12 nota; Mc 7,15 nota). A mão  do Senhor estava com ele. A expressão significa que João é objeto da benevolência divina e inspira-se no AT, onde exprime a proteção de Deus sobre os seus fiéis (Sl 80,18; 139,5) e a sua ação sobre os profetas (1 Rs 18,46; 2 Rs 3,15; Ez 1,3; 3,14.22; 8,1).
67. O cântico de Zacarias – Benedictus – é análogo ao de Maria (1,46-55). É uma ação de graças pela salvação messiânica (v.68-75) e uma visão profética da missão de João Batista (v.76-79). Aparece como paralelo aos oráculos de Simeão e de Ana sobre a missão de Jesus (2,29-32 nota.34.35.36-37.38 notas). 
68. Deus de Israel é uma fórmula tradicional de bênção no AT (Gn 9,26; 14,20; 24,27; Ex 18,10; 1 Sm 25,32) e no NT (2 Cor 1,3; Ef 1,3; 1 Pe 1,3). Lc é o único a utilizar a imagem da visita de Deus, que tem profundas raízes no AT (v.78; 7,16; 19,44; At 15,14). No AT fala-se muitas vezes da visita de Deus como intervenção favorável da benevolência divina (Gn 21,1; 50,24-25; Ex 3,16; Sl 65,10; 80,15; 106,4; Jr 29,10) ou então, com o sentido de castigo (Ex 32,34; Sl 59,6; 89,33; Is 10,12; Ez 23,22; 34,17-20). Aqui, trata-se de uma visita portadora de salvação. O termo redenção (“lutrosis”) designa habitualmente, no AT grego, a salvação, a libertação do povo de Deus, mediante um resgate (Ex 13,13 nota; Sl 111,9; 130,7-8; Is 63,4). Nesse sentido também o emprega Lc (2,38 nota; 21,28 nota; 24,21 nota).
69. Salvador poderoso, lit., “força de salvação” suscitada por Deus na “Casa de David”. É uma ideia messiânica que ocorre com frequência no AT (1 Sm 2,10; Sl 18,3; 89,25; 132,17), onde se anuncia o Forte, que será também libertador, salvador (v.70-71.74; Mt 3,11 nota).
72. Esta frase pode ligar-se à ideia da visita (v.68) ou da salvação (v.69). Por isso, exprime a finalidade da ação divina: para mostrar a sua misericórdia. Quanto à referência de Deus se recordar, ver v.54 nota; Ex 2,24; Sl 105,8; 106,45; 111,5; Mq 7,20.
73. Ver Gn 26,3; Sl 105,8-9.
76. Irás à frente. Sobre a imagem do Precursor e da sua missão, ver v.15.17 notas; 3,3 nota; 7,26-27 nota; Ml 1,1 nota; 3,1 nota; Mc 1,2-8 nota; At 2,38; 5,31; 10,43; 13,38; 26,18. 
78. Sol nascente, expressão que significa o surgir de um Astro, que na Bíblia foi tomado como um título do Messias. Esse Astro (anatolé) traria a luz (Nm 24,17 nota; Is 60,1; Ml 3,20); o termo grego significa também “Rebento” que surge do tronco de David (1 Sm 2,1-10 nota; 2 Sm 7,1 nota; Is 11,10-16 nota; Jr 23,5; Ez 29,21 nota; Zc 3,8 nota; 6,12; Ap 5,1-14). 
79. A “visita” do Messias é uma missão que liberta das trevas e conduz pelo caminho da paz (Sl 107,10; Is 59,8). A paz é o dom messiânico por excelência (Sl 46,10 nota; Mq 5,4; Zc 9,10 nota).
80. Lc encerra a narração sobre João Batista, antecipando, num resumo, alguns dados da 
sua vida futura (3,2.4; 7,24; 1 Sm 2,21.26 nota; 3,19; 2 Sm 5,10).

2, 1-2. César Augusto, imperador romano de 30 a.C. a 14 d.C.. O recenseamento a que Lc se refere, como abrangendo toda a terra, é um dos que o Imperador decretou em várias províncias do Império. Efetuado, quando Públio Sulpício Quirino era governador da Síria (entre 4 e 1 a.C.), este recenseamento da Palestina é colocado por volta do ano 6 d.C., ou seja, dez anos após a morte de Herodes, o Grande. Trata-se de uma data aproximada, como preocupação em situar historicamente o nascimento de Jesus. Quanto ao estabelecimento da “era cristã”, há um cálculo erróneo feito por Dionísio, o Pequeno (sec. VI). De facto, Jesus nasceu antes da morte de Herodes (4 a.C.), ou seja, por volta do ano 6 antes da nossa era (1,5 nota; 3,1-2 nota; Mt 2,1 nota).
4. A Cidade de David, no AT, é Jerusalém (2 Sm 5,7.9; 6,10.12; Is 22,9), mas Lc atribui este título a Belém, segundo Mq 5,1 (Gn 35,19-20 nota; Mq 5,1-3 nota; Mt 2,6 nota).
5. Maria, sua esposa. Ver 1,27 nota.
7. Filho primogénito. Este epíteto refere-se à aplicação da Lei a Jesus recém-nascido (v.23; Ex 13,2.12-15). É um título cristológico (Rm 8,29; Cl 1,15.18; Heb 1,6; Ap 1,5). Ao contrário de Isabel (1,57), Maria está sozinha a prestar os primeiros cuidados ao Filho. Hospedaria. O termo grego pode designar uma sala (22,11), uma área de repouso das caravanas ou uma habitação (Mt 2,11). A tradição da “gruta” é do séc. II. Sobre Filho primogénito, ver v.23-24 nota; Ex 13,11-16 nota; 2 Rs 3,27 nota; Cl 1,15 nota.
8. Os pastores não eram bem vistos em Israel, por viverem à margem da prática religiosa, “rou­barem” pastos e trabalharem com animais impuros. Pertencem à classe dos “pequenos”, e “pobres” para os quais nasceu Jesus (1,46 nota).
9. A glória do Senhor, expressão bíblica que designa a manifestação visível do mistério de Deus. Lc atribui-a a Jesus na Transfiguração (9,32), na Páscoa (24,26) e na vinda escatológica (9,26; 21,27). Ver Lv 9,6 nota; Nm 14,10 nota; 1 Sm 4,21 nota; Pr 25,2 nota; Ez 10,4 nota.
11. No AT, o título de Salvador é atribuído a Deus e algumas vezes aos “juízes de Israel”. Nos Evan­gelhos, só aqui e em Jo 4,42 Jesus é dito Salvador; no entanto, afirmam que Jesus salva os doen­tes (Mc 3,4; 5,23.28.34; 6,56). Nos outros livros do NT Jesus é muitas vezes designado Salvador (At 4,12 nota; 5,31; 13,23; Ef 5,23; Fl 3,20; 2 Pe 1,1.11; 2,20). Messias Senhor é o título com que Lc indica que Jesus é o Cristo esperado, e sugere o caráter divino da sua realeza (v.26 nota; At 2,36 nota).
14. A salvação trazida por Jesus é motivo para os poderes celestes prestarem glória a Deus (Sl 148,1-2). Lc vê aí o sinal e penhor da paz messiânica (1,79 nota). O termo dessa paz são os homens amados por Deus. A expressão ocorre também nos escritos de Qumrân e designa os privilegiados de Deus e o seu amor universal (1,46 nota; 3,6 nota; Is 19,16-25 nota; Dn 3,4 nota; Jn 4,1.11 notas; Mt 5,45-48 nota; 24,31 nota; Mc 4,30-32 nota).
19. Ver v.50-51 nota; 1,66 nota.
20. Cantar a glória e os louvores de Deus é a reação habitual dos assistentes perante as manifestações divinas, sobretudo nos milagres (5,25.26; 7,16; 13,13; 17,15 nota; 18,43; 19,37).
21. Ver 1,60 nota; Gn 17,12; Lv 12,3.
22. A apresentação do Menino no templo não era requerida pela Lei, que apenas prescrevia a purificação da mãe (Lv 12,1-8 nota; Ml 3,1). 
23-24. A Lei sobre os primogénitos (v.7 nota) comportava o seu resgate mediante o paga­mento de cinco siclos durante o mês a seguir ao nascimento (Ex 34,20; Nm 18,15-16). Lc não diz nada sobre o resgate de Jesus. A oferta dos pobres pela purificação da mãe consistia em duas rolas ou duas pombas (v.24; Lv 5,7; 12,6-8). Ver 1 Sm 1,24-25 nota.
25. A consolação de Israel, isto é, a salvação de Israel, segundo o Livro da Consolação de Isaías (40,1; 51,12; 61,2). Simeão é descrito como justo, profeta, por nele habitar o Espírito Santo.
26. O Messias do Senhor, título messiânico tradicional no AT (grego), diferente do de Cristo Senhor, próprio do NT (v.11 nota).
29-32. O Cântico de Simeão sobre Jesus corresponde ao de Zacarias sobre o seu filho (1,68-
-79). Simeão saúda a chegada do Salvador e revela aos pais do Menino alguns traços caraterís­ticos da sua missão. Último profeta do AT, Simeão inspira-se em Isaías, para proclamar a salvação de Deus já presente (Is 40,5; 42,6; 45,25; 46,13; 49,6; 52,10). 
30. Ver 1,69 nota.71.77; 3,6.
32. A salvação das nações pagãs, um dos temas importantes de Lc, é anunciada aqui pela primeira vez (Is 42,6). Só a partir da revelação pascal (24,47) será proclamada abertamente, como o documentam os Atos.
34. O oráculo de Simeão dirige-se só a Maria (Jo 19,25). O Menino é apresentado como motivo de divisão e sinal de contradição. Prepara a conclusão dos Atos, segundo a qual uma parte de Israel rejeitou o Messias (Mt 10,34-36 nota; At 28,25-27 nota).
35. Uma espada trespassará... A predição parece referir-se à dor de Maria perante a rejeição de Jesus por parte dos judeus (Jo 19,25-27 nota). Esse era o preço da missão de Jesus, que também iria denunciar a incredulidade dos seus ouvintes (5,22; 6,8; 9,47; 16,15; 24,38).
36-37. Ana é apresentada como israelita exemplar que não se afastava do templo (Sl 23,6; 26,8; 27,4; 84,5.11).
38. Redenção (“lutrosis” = resgate), como no caso da lei dos primogénitos (v.7 nota; 1,68 nota). Aqui indica a salvação do povo de Deus (Jerusalém).
40. O menino crescia, consequência da sua Encarnação. O versículo é paralelo a 1,80, sobre João Batista. A sabedoria, no sentido próprio da Escritura, e a graça de Deus são atributos de Jesus, que lhe vêm do contacto com o Pai (v.52; 11,31; 21,15). Em Jesus, manifesta-se progressi­vamente a graça, a benevolência divina (1,80 nota; 4,22).

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#79 Le 02/02/2020, à 22:32

kamaris

Re : [ Résolu ] Fusionner fichier de note dans autre fichier texte

On ne doit pas exécuter le même code : pas de problème de mon côté à priori :

$ cat luc_notes.txt.unused 
$ cat luc.txt.cat
\id LUK
\h
\toc1 Evangelho de São Lucas
\toc2 Lucas
\toc3 Lc
\imt EVANGELHO SEGUNDO SÃO LUCAS


\ip O terceiro Evangelho é atribuído a Lucas, que também é o autor dos Atos dos Apóstolos. Segue os usos dos historiógrafos do seu tempo, mas a história que ele deseja apresentar é uma história iluminada pela fé no mistério da Paixão e Ressurreição do Senhor Jesus. O seu livro é um Evan­gelho, uma história santa, uma obra que apresenta a Boa-Nova da salvação centrada na pessoa de Jesus Cristo. 

\is DIVISÃO E CONTEÚDO
\ip O esquema geral do livro é o mesmo que se encon­tra em Mateus e em Marcos: uma introdução, a pregação de Jesus na Galileia, a sua viagem para Jerusalém, a Paixão e Ressurreição como cum­primento final da sua missão. A construção literária é elaborada com cui­dado e reflete grande sensibilidade, procurando salientar os tempos e luga­res da História da Salvação e pondo em evidência a projeção exis­tencial do projeto evangélico. 
\io Prólogo  (1,1-4) em que anun­cia o tema, o método e o fim da sua obra. Lucas expõe por ordem o que se refere à vida e à mensagem de Jesus de Nazaré, filho de Maria, Filho de Deus. 
\io I. Evangelho da infância (1,5-2,52) de João Batista e de Jesus. 
\io II. Prelúdio da missão messiâ­nica de Jesus (3,1-4,13). 
\io III. Ministério de Jesus na Galileia (4,14-9,50): a sua atitude face às mul­tidões, aos primeiros discípulos e aos adversários (4,31-6,11); o seu en­sino aos discípulos (6,12-7,50); a associação estreita dos Doze à sua mis­são (8,1-9,50). 
\io IV. Subida de Jesus a Jeru­salém (9,51-19,28). O esquema literário de Lucas é, ao mesmo tempo, original, mas artificial, sem continuidade geo­grá­fica nem pro­gress­ão doutrinal. Tal quadro permite ao autor reunir uma série de elementos, em parte convergentes com os de Mateus e Marcos, colo­cando-os na pers­petiva do evento pascal, a consumar-se na cidade de Jeru­salém. Jesus dirige-se a Israel, chamando-o à conver­são; mas é, sobretudo, para os discípulos que os seus ensinamentos se orientam, tendo em conta o tempo em que já não estará presente entre eles. 
\io V. Ministério de Jesus em Jeru­salém (19,29-21,38): o ensino de Jesus no templo (20,1-21,37). 
\io VI. Paixão, morte e ressurreição de Jesus (22,1-24,53): a narra­ção da Paixão e as narrações da Páscoa (22,1-24,53). Omitindo a tradição das aparições na Galileia e situando todos os eventos pascais em Jerusalém, Lucas põe em evidência o lugar central daquela cidade na His­tória da Sal­vação. De lá vai irradiar também a mensagem evangélica, rela­tada pelo mesmo autor no livro dos Atos. 

\ip O tempo de Jesus e o tempo da Igreja Uma das ideias-chave de Lucas é distinguir o tempo de Jesus e o tempo da Igreja. Sem esquecer a singularidade única do acontecimento salvífico de Jesus Cristo, põe em relevo as etapas da obra de Deus na História. Mais do que Mateus e Marcos, ao falar de Jesus e dos discípulos, Lucas pensa já na Igreja, cujos membros se sentem interpelados a acolher a mensagem salvífica na alegria e na con­versão do coração. É isso que faz deste livro o Evangelho da misericórdia, da alegria, da solidariedade e da oração. No respeito pelo ser humano, a sal­­vação evangélica transforma a vida das pessoas, com reflexos no seu in­te­­rior, nos seus comportamentos sociais e no uso que fazem dos bens ter­renos. 
\ip Jesus anuncia a sua vinda no fim dos tempos, o qual, segundo Lucas , coin­cidirá com o termo do tempo da Igreja. Mas a insistência deste evan­ge­lista na salvação presente, na realeza pascal do Senhor Jesus, na ação do Espírito Santo na Igreja, con­tri­buem para atenuar a tensão relativa à imi­nente Parusia. A própria des­trui­ção de Jerusalém, vista como um acon­tecimento histórico, despo­jando-o da sua projeção escatológica, presente em Mateus e Marcos, é sinal de uma consciência viva do dom da salvação presente no tempo da Igreja. 

\is Composição
\ip E Data Na com­po­sição do seu Evangelho, Lucas uti­lizou grande parte de materiais co­muns a Marcos e Mateus, além dos que lhe são próprios e dos contactos com o Evangelho de João. Todos os materiais da tradição estão marca­dos pelo trabalho do autor, que se reflete quer na sua ordenação, quer no vocabulário, quer no estilo. A arte e a sensibilidade de Lucas manifes­tam-se na sobriedade das suas obser­vações, na delicadeza de atitudes, no dramatismo de certas narrações, na atmosfera de misericórdia das cenas com pecadores, mulheres e estran­geiros. 
\ip A composição deste Evangelho é situada por volta dos anos 80-90, por­que Lucas  deve ter conhecido o cerco e a destruição da cidade de Jerusa­lém por Tito, no ano 70. 

\is Dedicatória
\ip E Autor O livro é dedicado a Teófilo, mas destina-se a leitores cristãos de cultura grega, como se vê pela língua, pelo cuidado em expli­car a geografia e usos da Palestina, pela omissão de discussões judai­cas, pela consideração que tem pelos gentios. 
\ip Segundo uma tradição antiga (Santo Ireneu), o autor é Lucas, médico, discí­pulo de Paulo. Pelas suas caraterísticas, este Evangelho encontra-se mais próximo da mentalidade do homem moderno: pela sua clareza, pelo cuidado nas explicações, pela sensibilidade e pela arte do seu autor. Lucas  mostra o Filho de Deus como Salvador de todos os homens, com particular atenção aos pequeninos, pobres, pecadores e pagãos. Para ele, o Senhor é Mestre de vida, com todas as suas exigências e com o dom da graça, que o discípulo só pode acolher de coração aberto. 
\ip Por isso, Lucas é o Evangelho da Salvação universal, anunciada pelo Pro­feta dos últimos tempos que convida discípulos profetas, aos quais envia o Espírito Santo, para que, por sua vez, sejam os profetas de todos os tempos e lugares (Lc 24,45-49; At 1,8). 
\c 1
\s2 Prólogo
\r (At 1,1-4)
\p
\v 1 \f + \fr 1, 1. \ft Como os escritores do tempo, Lc abre o seu livro com um prólogo (v.1-4). Refere-se aos que o precederam em tarefa semelhante, ao seu cuidado de informação e de exposição e à per­sonagem a quem dedica a sua obra. Escreve uma obra a partir da tradição viva do Evangelho de Jesus Cristo e carateriza as suas preocupações de historiador sagrado. Os factos a que se refere são os da vida e missão de Jesus; agora, testemunhados pelos discípulos do Senhor, eles são a Boa-Nova (o Evangelho) que Lc quer transmitir. A referência a muitos que o precederam em tal tarefa é uma caraterística dos prólogos, mas entre eles contam-se o Evangelho de Mc e outras fontes seguidas por Lc. Não fazendo parte do grupo dos Doze, foi da tradição que Lc recebeu todos os dados do seu Evangelho.\f*Visto que muitos empreenderam compor uma narração dos factos que entre nós se consumaram,
\v 2 \f + \fr 2. \ft Servidores da Palavra, isto é, o Evangelho pregado pelos Apóstolos (At 4,31; 6,2.7; 11,1).\f*como no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e se tornaram “Servidores da Palavra”,
\v 3 \f + \fr 3. \ft Caríssimo (At 23,26; 24,3; 26,25). Teófilo, nome grego que significa “amigo de Deus”; pode ser um cristão, ou mesmo um pagão, ao qual Lc apre­sentaria uma apologia da fé cristã.\f*resolvi eu também, depois de tudo ter investigado cuidadosamente desde a origem, expô-los a ti por escrito e pela sua ordem, caríssimo Teófilo,
\v 4 a fim de reconheceres a solidez da doutrina em que foste instruído.
\ms I. EVANGELHO DA INFÂNCIA DE JESUS
\r (1,5-2,52; ver Mt 1,18-2,23)
\s2 Anúncio do nascimento de João Batista
\p
\v 5 \f + \fr 5. \ft Herodes, o Grande, morto no ano 4 a.C., filho do idumeu Antipas ou Antipater, acabou por ser nomeado rei da Judeia pelo Senado romano, no ano 40 a.C.. Político hábil, foi também um grande construtor (Mt 2,1 nota). A classe de Abias era a oitava na série de 24 em que a classe sacerdotal se subdividia para o serviço semanal do culto no templo (1 Cr 24,10; 2 Cr 5,11 nota; 23,8).\f*No tempo de Herodes, rei da Judeia, havia um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias, cuja esposa era da descendência de Aarão e se chamava Isabel.
\v 6 Ambos eram justos diante de Deus, cumprindo irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do \nd Senhor\nd*.
\v 7 \f + \fr 7. \ft A esterilidade era considerada motivo de vergonha (Gn 30,23; 1 Sm 1,10) ou sinal de um castigo (Lv 20,20-21; 2 Sm 6,23). Isabel é vista como Sara (Gn 11,30; 18,11; 1 Sm 1,20). Ver Gn 16,2 nota; 18,1-15 nota; 1 Sm 1,6 nota; Sb 3,13-15 nota.\f*Não tinham filhos, pois Isabel era estéril, e os dois eram de idade avançada.
\p
\v 8 Ora, estando Zacarias no exercício das funções sacerdotais diante de Deus, na ordem da sua classe,
\v 9 \f + \fr 9. \ft Entrar no santuário, rito que se realizava de manhã e de tarde, no momento da oferta do sacrifício, e consistia em renovar as brasas e os aromas no altar do incenso (v.11), que era de ouro (1 Rs 6,20-21) e que se encontrava no Santo dos Santos (23,45 nota; Ex 30,6-8; Nm 16,6-10; 2 Cr 3,8-9 nota; Dn 9,24 nota; Mt 27,51-53 nota; Mc 15,38 nota).\f*coube-lhe, segundo o costume sacerdotal, entrar no santuário do \nd Senhor\nd* para queimar o incenso.
\v 10 Todo o povo estava da parte de fora em oração, à hora do incenso.
\v 11 Então, apareceu-lhe o anjo do \nd Senhor\nd*, de pé, à direita do altar do incenso.
\v 12 \f + \fr 12. \ft O AT refere com frequência o temor perante as aparições de anjos, como manifestação da perturbação do ser humano no confronto com o mistério de Deus (Jz 6,22; Tb 12,16; Dn 8,17-18). Lc salienta esse temor religioso perante revelações (2,9; 5,8; 9,34), milagres (v.65; 5,8 nota.26; 7,16; 8,25.37) e outras intervenções divinas (At 2,43; 3,10; 5,5.11; 19,17). Ver v.65 nota; 24,5 nota; Gn 35,5 nota; Ex 15,11 nota; Jb 6,4 nota; Mc 6,51 nota; 16,8 nota; Ap 1,17 nota.\f*Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e encheu-se de temor.
\v 13 \f + \fr 13. \ft Zacarias é tranquilizado segundo a fórmula usual nas aparições de Deus e de anjos: Não temas. De Deus: Gn 15,1; 26,24; 46,3; Jz 6,23; de anjos: Gn 16,11; 17,19; Jz 13,3.5; Tb 12,17; Dn 10,12.19. João significa “o Senhor faz graça”: é o primeiro sinal da vinda do Messias.\f*Mas o anjo disse-lhe:
\p «Não temas, Zacarias: a tua súplica foi atendida. Isabel, tua esposa, vai dar-te um filho e tu vais chamar-lhe João.
\v 14 \f + \fr 14. \ft A alegria é uma nota caraterística de Lc; perante as primeiras manifestações do Messias já presente, todos são convidados a alegrar-se. A esta alegria messiânica se referem os v.28 nota.44.47.58; 2,10. É a resposta ao dom da salvação já presente em Jesus Cristo: 10,17.20-21; 13,17; 15,7.32; 19,6.37; 24,41.52; At 2,46.\f*Será para ti motivo de regozijo e de júbilo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento.
\v 15 \f + \fr 15. \ft A missão do Precursor é profética: ele deve manter-se diante do Senhor como um servo (Elias: 1 Rs 17,1; 18,15); como um asceta consagrado ao Senhor (Sansão: Nm 6,2-4; Jz 13,4.7.14); predestinado pelo Senhor desde o ventre da sua mãe para uma especial missão (Is 49,1.5; Jr 1,5). Sobre o Precursor, ver Ex 9,17 nota; Mt 3,3-4 nota; 11,11 nota; 17,10-13 nota; Mc 1,2-8 nota.\f*Pois ele será grande diante do \nd Senhor\nd* e não beberá vinho nem bebida alcoólica; será cheio do Espírito Santo já desde o ventre da sua mãe
\v 16 e reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao \nd Senhor\nd*, seu Deus.
\v 17 \f + \fr 17. \ft A missão de João é semelhante à do seu antepassado Levi (Ml 2,6) e à do profeta Elias (Sir 48,10; Ml 3,1.24): levar Israel à conversão. Enquanto Precursor (1,76; 3,4), ele devia prepa­rar o povo para a vinda do Senhor (Is 40,3). Lc não identifica João com Elias, como o faz Mt 11,14; 17,12-13 e Mc 9,11-13; é sobretudo Jesus que é comparado com Elias (4,26; 7,12.15; 9,42.51.54.57.61-62; 22,43.45).\f*Irá à frente, diante do \nd Senhor\nd*, com o espírito e o poder de Elias, para fazer voltar os corações dos pais a seus filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, a fim de proporcionar ao \nd Senhor\nd* um povo com boas disposições.»
\p
\v 18 \f + \fr 18. \ft Ver Gn 15,8; Jz 6,17; Is 7,11; 38,7.\f*Zacarias disse ao anjo: «Como hei de verificar isso, se estou velho e a minha esposa é de idade avançada?»
\v 19 \f + \fr 19. \ft A aparição de Gabriel ocorre no quadro de uma liturgia no templo e Lc descreve-a com a linguagem bíblica e os temas tradicionais de anúncios de nascimento (Gn 16; 17; Jz 13; 1 Sm 1) e de oráculos proféticos (Is 40,3). Anunciar esta Boa-Nova: primeiro exemplo do verbo evan­gelizar, de uso frequente em Lc (10 vezes) e At (15 vezes); refere-se à Boa-Nova do Reino (Mt \f*O anjo respondeu:
\p «Eu sou Gabriel, aquele que está diante de Deus, e fui enviado para te falar e anunciar esta Boa-Nova.
\v 20 Vais ficar mudo, sem poder falar, até ao dia em que tudo isto acontecer, por não teres acreditado nas minhas palavras, que se cumprirão na altura própria.»
\p
\v 21 O povo, entretanto, aguardava Zacarias e admirava-se por ele se demorar no santuário.
\v 22 Quando saiu, não lhes podia falar e eles compreenderam que tinha tido uma visão no santuário. Fazia-lhes sinais e continuava mudo.
\p
\v 23 \f + \fr \ft \f*Terminados os dias do seu serviço, regressou a casa.
\v 24 Passados esses dias, sua esposa Isabel concebeu e, durante cinco meses, permaneceu oculta.
\v 25 \f + \fr \ft \f*Dizia ela: «O \nd Senhor\nd* procedeu assim para comigo, nos dias em que viu a minha ignomínia e a eliminou perante os homens.»
\s2 Anúncio do nascimento de Jesus
\r (Mt 1,18-25)
\p
\v 26 \f + \fr \ft \f*Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré,
\v 27 \f + \fr \ft \f*a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria.
\p
\v 28 \f + \fr \ft \f*Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça, o \nd Senhor\nd* está contigo.»
\v 29 \f + \fr \ft \f*Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação.
\v 30 Disse-lhe o anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus.
\v 31 \f + \fr \ft \f*Hás de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.
\v 32 Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O \nd Senhor\nd* Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David,
\v 33 reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim.»
\p
\v 34 \f + \fr \ft \f*Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?»
\v 35 \f + \fr \ft \f*O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus.
\v 36 Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril,
\v 37 \f + \fr \ft \f*porque nada é impossível a Deus.»
\v 38 \f + \fr \ft \f*Maria disse, então: «Eis a serva do \nd Senhor\nd*, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.
\s2 Visita de Maria a Isabel
\p
\v 39 \f + \fr \ft \f*Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia.
\v 40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
\v 41 \f + \fr \ft \f*Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
\v 42 Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
\v 43 \f + \fr \ft \f*E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu \nd Senhor\nd*?
\v 44 Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio.
\v 45 Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do \nd Senhor\nd*.»
\s2 Cântico de Maria
\p
\v 46 \f + \fr \ft \f*Maria disse, então:
\q1 «A minha alma glorifica o \nd Senhor\nd*
\q1
\v 47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
\q1
\v 48 Porque pôs os olhos na humildade da sua serva.
\q1 De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
\q1
\v 49 \f + \fr \ft \f*O Todo-poderoso fez em mim maravilhas.
\q1 Santo é o seu nome.
\q1
\v 50 \f + \fr \ft \f*A sua misericórdia se estende de geração em geração
\q1 sobre aqueles que o temem.
\q1
\v 51 \f + \fr \ft \f*Manifestou o poder do seu braço
\q1 e dispersou os soberbos.
\q1
\v 52 Derrubou os poderosos de seus tronos
\q1 e exaltou os humildes.
\q1
\v 53 \f + \fr \ft \f*Aos famintos encheu de bens
\q1 e aos ricos despediu de mãos vazias.
\q1
\v 54 \f + \fr \ft \f*Acolheu a Israel, seu servo,
\q1 lembrado da sua misericórdia,
\q1
\v 55 \f + \fr \ft \f*como tinha prometido a nossos pais,
\q1 a Abraão e à sua descendência, para sempre.»
\p
\v 56 \f + \fr \ft \f*Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois regressou a sua casa.
\s2 Nascimento e circuncisão de João Batista
\p
\v 57 Entretanto, chegou o dia em que Isabel devia dar à luz e teve um filho.
\v 58 Os seus vizinhos e parentes, sabendo que o \nd Senhor\nd* manifestara nela a sua misericórdia, rejubilaram com ela.
\v 59 Ao oitavo dia, foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias.
\v 60 \f + \fr \ft \f*Mas, tomando a palavra, a mãe disse: «Não; há de chamar-se João.»
\v 61 Disseram-lhe: «Não há ninguém na tua família que tenha esse nome.»
\p
\v 62 \f + \fr \ft \f*Então, por sinais, perguntaram ao pai como queria que ele se chamasse.
\v 63 Pedindo uma placa, o pai escreveu: «O seu nome é João.»
\p E todos se admiraram.
\v 64 Imediatamente a sua boca abriu-se, a língua desprendeu-se-lhe e começou a falar, bendizendo a Deus.
\v 65 \f + \fr \ft \f*O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos, e por toda a montanha da Judeia se divulgaram aqueles factos.
\v 66 \f + \fr \ft \f*Quantos os ouviam retinham-nos na memória e diziam para si próprios: «Quem virá a ser este menino?» Na verdade, a mão do \nd Senhor\nd* estava com ele.
\s2 Cântico de Zacarias
\p
\v 67 \f + \fr \ft \f*Então, seu pai, Zacarias, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou com estas palavras:
\q1
\v 68 \f + \fr \ft \f*«Bendito o \nd Senhor\nd*, Deus de Israel,
\q1 que visitou e redimiu o seu povo
\q1
\v 69 \f + \fr \ft \f*e nos deu um Salvador poderoso
\q1 na casa de David, seu servo,
\q1
\v 70 conforme prometeu pela boca dos seus santos,
\q1 os profetas dos tempos antigos;
\q1
\v 71 para nos libertar dos nossos inimigos
\q1 e das mãos daqueles que nos odeiam,
\q1
\v 72 \f + \fr \ft \f*para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais,
\q1 recordando a sua sagrada aliança;
\q1
\v 73 \f + \fr \ft \f*e o juramento que fizera a Abraão, nosso pai,
\q1 que nos havia de conceder esta graça:
\q1
\v 74 de o servirmos um dia, sem temor,
\q1 livres das mãos dos nossos inimigos,
\q1
\v 75 em santidade e justiça, na sua presença,
\q1 todos os dias da nossa vida.
\q1
\v 76 \f + \fr \ft \f*E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo,
\q1 porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos,
\q1
\v 77 para dar a conhecer ao seu povo a salvação
\q1 pela remissão dos seus pecados,
\q1
\v 78 \f + \fr \ft \f*graças ao coração misericordioso do nosso Deus,
\q1 que das alturas nos visita como sol nascente,
\q1
\v 79 \f + \fr \ft \f*para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte
\q1 e dirigir os nossos passos no caminho da paz.»
\p
\v 80 \f + \fr \ft \f*Entretanto, o menino crescia, o seu espírito robustecia-se, e vivia em lugares desertos, até ao dia da sua apresentação a Israel.
\c 2
\s2 Nascimento de Jesus
\p
\v 1 \f + \fr 2, 1-2. \ft César Augusto, imperador romano de 30 a.C. a 14 d.C.. O recenseamento a que Lc se refere, como abrangendo toda a terra, é um dos que o Imperador decretou em várias províncias do Império. Efetuado, quando Públio Sulpício Quirino era governador da Síria (entre 4 e 1 a.C.), este recenseamento da Palestina é colocado por volta do ano 6 d.C., ou seja, dez anos após a morte de Herodes, o Grande. Trata-se de uma data aproximada, como preocupação em situar historicamente o nascimento de Jesus. Quanto ao estabelecimento da “era cristã”, há um cálculo erróneo feito por Dionísio, o Pequeno (sec. VI). De facto, Jesus nasceu antes da morte de Herodes (4 a.C.), ou seja, por volta do ano 6 antes da nossa era (1,5 nota; 3,1-2 nota; Mt 2,1 nota).\f*Por aqueles dias, saiu um édito da parte de César Augusto para ser recenseada toda a terra.
\v 2 Este recenseamento foi o primeiro que se fez, sendo Quirino governador da Síria.
\p
\v 3 Todos iam recensear-se, cada qual à sua própria cidade.
\v 4 \f + \fr 4. \ft A Cidade de David, no AT, é Jerusalém (2 Sm 5,7.9; 6,10.12; Is 22,9), mas Lc atribui este título a Belém, segundo Mq 5,1 (Gn 35,19-20 nota; Mq 5,1-3 nota; Mt 2,6 nota).\f*Também José, deixando a cidade de Nazaré, na Galileia, subiu até à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e linhagem de David,
\v 5 \f + \fr 5. \ft Maria, sua esposa. Ver 1,27 nota.\f*a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que se encontrava grávida.
\p
\v 6 E, quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz
\v 7 \f + \fr 7. \ft Filho primogénito. Este epíteto refere-se à aplicação da Lei a Jesus recém-nascido (v.23; Ex 13,2.12-15). É um título cristológico (Rm 8,29; Cl 1,15.18; Heb 1,6; Ap 1,5). Ao contrário de Isabel (1,57), Maria está sozinha a prestar os primeiros cuidados ao Filho. Hospedaria. O termo grego pode designar uma sala (22,11), uma área de repouso das caravanas ou uma habitação (Mt 2,11). A tradição da “gruta” é do séc. II. Sobre Filho primogénito, ver v.23-24 nota; Ex 13,11-16 nota; 2 Rs 3,27 nota; Cl 1,15 nota.\f*e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria.
\p
\v 8 \f + \fr 8. \ft Os pastores não eram bem vistos em Israel, por viverem à margem da prática religiosa, “rou­barem” pastos e trabalharem com animais impuros. Pertencem à classe dos “pequenos”, e “pobres” para os quais nasceu Jesus (1,46 nota).\f*Na mesma região encontravam-se uns pastores que pernoitavam nos campos, guardando os seus rebanhos durante a noite.
\v 9 \f + \fr 9. \ft A glória do Senhor, expressão bíblica que designa a manifestação visível do mistério de Deus. Lc atribui-a a Jesus na Transfiguração (9,32), na Páscoa (24,26) e na vinda escatológica (9,26; 21,27). Ver Lv 9,6 nota; Nm 14,10 nota; 1 Sm 4,21 nota; Pr 25,2 nota; Ez 10,4 nota.\f*Um anjo do \nd Senhor\nd* apareceu-lhes, e a glória do \nd Senhor\nd* refulgiu em volta deles; e tiveram muito medo.
\v 10 O anjo disse-lhes: «Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo:
\v 11 \f + \fr 11. \ft No AT, o título de Salvador é atribuído a Deus e algumas vezes aos “juízes de Israel”. Nos Evan­gelhos, só aqui e em Jo 4,42 Jesus é dito Salvador; no entanto, afirmam que Jesus salva os doen­tes (Mc 3,4; 5,23.28.34; 6,56). Nos outros livros do NT Jesus é muitas vezes designado Salvador (At 4,12 nota; 5,31; 13,23; Ef 5,23; Fl 3,20; 2 Pe 1,1.11; 2,20). Messias Senhor é o título com que Lc indica que Jesus é o Cristo esperado, e sugere o caráter divino da sua realeza (v.26 nota; At 2,36 nota).\f*Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias \nd Senhor\nd*.
\v 12 Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.»
\p
\v 13 De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, louvando a Deus e dizendo:
\q1
\v 14 \f + \fr 14. \ft A salvação trazida por Jesus é motivo para os poderes celestes prestarem glória a Deus (Sl 148,1-2). Lc vê aí o sinal e penhor da paz messiânica (1,79 nota). O termo dessa paz são os homens amados por Deus. A expressão ocorre também nos escritos de Qumrân e designa os privilegiados de Deus e o seu amor universal (1,46 nota; 3,6 nota; Is 19,16-25 nota; Dn 3,4 nota; Jn 4,1.11 notas; Mt 5,45-48 nota; 24,31 nota; Mc 4,30-32 nota).\f*«Glória a Deus nas alturas
\q1 e paz na terra aos homens do seu agrado.»
\p
\v 15 Quando os anjos se afastaram deles em direção ao Céu, os pastores disseram uns aos outros: «Vamos a Belém ver o que aconteceu e que o \nd Senhor\nd* nos deu a conhecer.»
\p
\v 16 Foram apressadamente e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura.
\v 17 Depois de terem visto, começaram a divulgar o que lhes tinham dito a respeito daquele menino.
\v 18 Todos os que ouviram se admiravam do que lhes diziam os pastores.
\v 19 \f + \fr 19. \ft Ver v.50-51 nota; 1,66 nota.\f*Quanto a Maria, conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração.
\v 20 \f + \fr 20. \ft Cantar a glória e os louvores de Deus é a reação habitual dos assistentes perante as manifestações divinas, sobretudo nos milagres (5,25.26; 7,16; 13,13; 17,15 nota; 18,43; 19,37).\f*E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora anunciado.
\s2 Circuncisão e apresentação de Jesus no templo
\p
\v 21 \f + \fr 21. \ft Ver 1,60 nota; Gn 17,12; Lv 12,3.\f*Quando se completaram os oito dias, para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus indicado pelo anjo antes de ter sido concebido no seio materno.
\p
\v 22 \f + \fr 22. \ft A apresentação do Menino no templo não era requerida pela Lei, que apenas prescrevia a purificação da mãe (Lv 12,1-8 nota; Ml 3,1). \f*Quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao \nd Senhor\nd*,
\v 23 \f + \fr 23-24. \ft A Lei sobre os primogénitos (v.7 nota) comportava o seu resgate mediante o paga­mento de cinco siclos durante o mês a seguir ao nascimento (Ex 34,20; Nm 18,15-16). Lc não diz nada sobre o resgate de Jesus. A oferta dos pobres pela purificação da mãe consistia em duas rolas ou duas pombas (v.24; Lv 5,7; 12,6-8). Ver 1 Sm 1,24-25 nota.\f*conforme está escrito na Lei do \nd Senhor\nd*: «Todo o primogénito varão será consagrado ao \nd Senhor\nd*»
\v 24 e para oferecerem em sacrifício, como se diz na Lei do \nd Senhor\nd*, duas rolas ou duas pombas.
\p
\v 25 \f + \fr 25. \ft A consolação de Israel, isto é, a salvação de Israel, segundo o Livro da Consolação de Isaías (40,1; 51,12; 61,2). Simeão é descrito como justo, profeta, por nele habitar o Espírito Santo.\f*Ora, vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão; era justo e piedoso e esperava a consolação de Israel. O Espírito Santo estava nele.
\v 26 \f + \fr 26. \ft O Messias do Senhor, título messiânico tradicional no AT (grego), diferente do de Cristo Senhor, próprio do NT (v.11 nota).\f*Tinha-lhe sido revelado pelo Espírito Santo que não morreria antes de ter visto o Messias do \nd Senhor\nd*.
\v 27 Impelido pelo Espírito, veio ao templo, quando os pais trouxeram o menino Jesus, a fim de cumprirem o que ordenava a Lei a seu respeito.
\s2 Cântico de Simeão
\p
\v 28 Simeão tomou-o nos braços e bendisse a Deus, dizendo:
\q1
\v 29 \f + \fr 29-32. \ft O Cântico de Simeão sobre Jesus corresponde ao de Zacarias sobre o seu filho (1,68-
-79). Simeão saúda a chegada do Salvador e revela aos pais do Menino alguns traços caraterís­ticos da sua missão. Último profeta do AT, Simeão inspira-se em Isaías, para proclamar a salvação de Deus já presente (Is 40,5; 42,6; 45,25; 46,13; 49,6; 52,10). \f*«Agora, \nd Senhor\nd*, segundo a tua palavra,
\q1 deixarás ir em paz o teu servo,
\q1
\v 30 \f + \fr 30. \ft Ver 1,69 nota.71.77; 3,6.\f*porque meus olhos viram a Salvação
\q1
\v 31 que ofereceste a todos os povos,
\q1
\v 32 \f + \fr 32. \ft A salvação das nações pagãs, um dos temas importantes de Lc, é anunciada aqui pela primeira vez (Is 42,6). Só a partir da revelação pascal (24,47) será proclamada abertamente, como o documentam os Atos.\f*Luz para se revelar às nações
\q1 e glória de Israel, teu povo.»
\p
\v 33 Seu pai e sua mãe estavam admirados com o que se dizia dele.
\p
\v 34 \f + \fr 34. \ft O oráculo de Simeão dirige-se só a Maria (Jo 19,25). O Menino é apresentado como motivo de divisão e sinal de contradição. Prepara a conclusão dos Atos, segundo a qual uma parte de Israel rejeitou o Messias (Mt 10,34-36 nota; At 28,25-27 nota).\f*Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: «Este menino está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de contradição;
\v 35 \f + \fr 35. \ft Uma espada trespassará... A predição parece referir-se à dor de Maria perante a rejeição de Jesus por parte dos judeus (Jo 19,25-27 nota). Esse era o preço da missão de Jesus, que também iria denunciar a incredulidade dos seus ouvintes (5,22; 6,8; 9,47; 16,15; 24,38).\f*uma espada trespassará a tua alma. Assim hão de revelar-se os pensamentos de muitos corações.»
\p
\v 36 \f + \fr 36-37. \ft Ana é apresentada como israelita exemplar que não se afastava do templo (Sl 23,6; 26,8; 27,4; 84,5.11).\f*Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, a qual era de idade muito avançada. Depois de ter vivido casada sete anos, após o seu tempo de donzela,
\v 37 ficou viúva até aos oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, participando no culto noite e dia, com jejuns e orações.
\v 38 \f + \fr 38. \ft Redenção (“lutrosis” = resgate), como no caso da lei dos primogénitos (v.7 nota; 1,68 nota). Aqui indica a salvação do povo de Deus (Jerusalém).\f*Aparecendo nessa mesma ocasião, pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
\p
\v 39 Depois de terem cumprido tudo o que a Lei do \nd Senhor\nd* determinava, regressaram à Galileia, à sua cidade de Nazaré.
\v 40 \f + \fr 40. \ft O menino crescia, consequência da sua Encarnação. O versículo é paralelo a 1,80, sobre João Batista. A sabedoria, no sentido próprio da Escritura, e a graça de Deus são atributos de Jesus, que lhe vêm do contacto com o Pai (v.52; 11,31; 21,15). Em Jesus, manifesta-se progressi­vamente a graça, a benevolência divina (1,80 nota; 4,22).\f*Entretanto, o menino crescia e robustecia-se, enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele.
\s2 Jesus entre os doutores
$ 

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#80 Le 02/02/2020, à 22:42

L'Africain

Re : [ Résolu ] Fusionner fichier de note dans autre fichier texte

C'est vraiment incompréhensible! J'ai vérifier mon script c'est bien le même (#50). Je viens de refaire le test j'ai toujours pas le chapitre 1. J'utilise une boucle est-ce cela;

#!/bin/bash
for f in [0-9][0-9].txt; do
  ./note2txt.sh "$f" >"$f.cat"
done

Je remets le script au cas où:

#!/bin/bash

awk_args=();
for f in "$@"; do
  if ! [ -f "$f" ]; then
    echo "Veuillez donner des fichiers d'entrée valides en arguments du script." >&2
    exit 1
  fi

  if [[ $(basename "$f") =~ [^.]+\.[^.]+$ ]]; then
    fnotes="${f%.*}_notes.${f##*.}"
  else
    fnotes="${f}_notes"
  fi

  if ! [ -f "$fnotes" ]; then
    echo "Le fichier de notes $fnotes n'a pas été trouvé." >&2
    exit 1
  fi
  awk_args+=("$fnotes" "$f")
done

awk '
# Définition des motifs d’expressions régulières pour le repérage des notes
BEGIN{
  cvpattern1="[[:blank:]]*[0-9]+[[:blank:]]*,[[:blank:]]*[0-9]+[a-z]?[[:blank:]]*"
  cvpattern2="([[:blank:]]*[0-9]+[[:blank:]]*,)?[[:blank:]]*[0-9]+[a-z]?[[:blank:]]*"
  cvpattern="^" cvpattern1 "(-" cvpattern2 ")?(\\.)?[[:blank:]]+"
  vpattern1="[[:blank:]]*[0-9]+[a-z]?[[:blank:]]*(-" cvpattern2 ")?\\."
  vpattern="^" vpattern1 "[[:blank:]]+"
  excluded_tags="\\\\(add|ca|cp|fig|it|nd|qt|va|vp|x)"
}

# Fichier de notes passé en premier : on construit le tableau des notes formatées
(FILENAME ~ ".*_notes.*"){
  if (FNR == 1){
    # Génération du fichier *_notes*.unused pour le précédent fichier de notes
    if (fnotes_name != ""){
      printf "" > fnotes_name ".unused"
      for (i=1;i<=cmax_notes;i++){
        cchange=1
        for (j=1;j<=vmax_notes;j++){
          if (notes[i,j]){
            if (cchange == 1 && notes[i,j] ~ "^\\\\f \\+ \\\\fr" vpattern1)
              print "\\c "i >> fnotes_name ".unused"
            gsub("\\\\fp? \\+ \\\\fr | \\\\ft","",notes[i,j])
            print notes[i,j] >> fnotes_name ".unused"
            cchange=0
          }
        }
      }
    }
    # Sauvegarde du nom du fichier de notes pour la génération du futur *_notes*.unused
    fnotes_name=FILENAME
    # Réinitialisation du tableau des notes
    delete notes
  }
  # Nouvelle note du type chapitre, verset ou du type verset
  if ($0 ~ cvpattern || $0 ~ vpattern){
    format_error=0
    old_c=c; old_v=v; v=$0;
    if ($0 ~ cvpattern){
      c=$0; sub(",.*","",c); c=int(c)
      sub("^[[:blank:]]*[0-9]+[[:blank:]]*,","",v)
      match($0,cvpattern)
    }
    else match($0,vpattern)
    sub("[^0-9[:blank:]].*","",v); v=int(v)
    if (v > vmax_notes) vmax_notes=v
    if (c != old_c || v != old_v) notes[c,v]="\\f + \\fr "
    else notes[c,v]=notes[c,v] "\n\\fp + \\fr "
    note_num=substr($0,1,RLENGTH)
    notes[c,v]=notes[c,v] note_num "\\ft "
    notes[c,v]=notes[c,v] substr($0,RLENGTH+1)
    next
  }
  # Nouvelle ligne d’une même note
  if (format_error == 0 && FNR > 1){
    notes[c,v]=notes[c,v] "\n" $0
    next
  }
  # Éventuel problème de format de note
  if (format_error == 0){
    format_error=1
    print "Une erreur de format de note a été rencontrée dans le fichier " \
      FILENAME > "/dev/stderr"
    next
  }
}

# Fichier de corps de texte passé en second : insertion des notes formatées
(FNR == 1){
  printf "" > FILENAME ".cat"
  cmax_notes=c
  if (v > vmax_notes) vmax_notes=v
}
/^\\c[[:blank:]]+/{ c=$0; sub("^\\\\c","",c); sub("[^0-9[:blank:]].*","",c); c=int(c) }
/^\\v[[:blank:]]+/{ v=$0; sub("^\\\\v","",v); sub("[^0-9[:blank:]].*","",v); v=int(v) }
/\*/{
  n=split($0,a,"\\*")
  for (i=1;i<n;i++){
    if (a[i] !~ excluded_tags "$"){
      if (notes[c,v]){
        sub("\\n+$","",notes[c,v])
        printf("%s%s%s",a[i],notes[c,v],"\\f*") >> FILENAME ".cat"
        notes[c,v]=""
      }
      else printf("%s%s",a[i],"\\f + \\fr \\ft \\f*") >> FILENAME ".cat"
    }
    else printf("%s%s",a[i],"*") >> FILENAME ".cat"
  }
  printf("%s\n",a[i]) >> FILENAME ".cat"
  next
}
{ print >> FILENAME ".cat" }

# Génération du fichier *_notes*.unused pour le dernier fichier de notes
END{
  printf "" > fnotes_name ".unused"
  for (i=1;i<=cmax_notes;i++){
    cchange=1
    for (j=1;j<=vmax_notes;j++){
      if (notes[i,j]){
        if (cchange == 1 && notes[i,j] ~ "^\\\\f \\+ \\\\fr" vpattern1)
          print "\\c "i >> fnotes_name ".unused"
        gsub("\\\\fp? \\+ \\\\fr | \\\\ft","",notes[i,j])
        print notes[i,j] >> fnotes_name ".unused"
        cchange=0
      }
    }
  }
}
' "${awk_args[@]}"

Ubuntu-Unity 18.04 LDLC (clevo) X/Lubuntu-Mate
"Donne à celui qui te demande…" Mt 5,42

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#81 Le 02/02/2020, à 23:28

kamaris

Re : [ Résolu ] Fusionner fichier de note dans autre fichier texte

Ah ben oui, forcément : la boucle n'est plus nécessaire depuis le message #50, mais surtout, il ne faut plus rediriger la sortie du script vers "$f.cat", car le script écrit déjà dedans, donc il y a conflit entre l'écriture par le script et l'écriture par la redirection.
Pour rappel, voici ce que je disais en #50 :

kamaris a écrit :

De plus, ce script peut prendre en entrée un nombre arbitraire de fichiers de corps de texte et les traiter « d'un bloc » (au sens où il les passe tous à awk d'un bloc).
La petite différence différence par rapport à avant, c'est que du coup, il n'écrit plus sur la sortie standard, mais directement (via awk) dans des fichiers *.cat (tout en générant aussi les fichiers *_notes*.unused comme avant).

Donc pour exécuter correctement le script donné en #50, tu fais simplement

./note2txt.sh [0-9][0-9].txt

Dernière modification par kamaris (Le 02/02/2020, à 23:29)

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#82 Le 03/02/2020, à 00:11

L'Africain

Re : [ Résolu ] Fusionner fichier de note dans autre fichier texte

Waw super! et dire que ça fait 4 heures que je me prends la tête manuellement...


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